{\pwi, TahomaCourier New/=  =@`#7###########"#################$# #(#'#####&#%#####%#$#"# #%#+#'###'##%#(#"#!#$#"######!#%#%###$###$##$#%#$####$###%#%#"#%#&#"#'#(###%#&#$#!###%#%#######%#'##(#'#$#"###!###&#$#$#####*###"#$#"#-#&#%###$###$#"# #"## #&#!###(#!#$#"#%##&#"### #$#!#%#(#"##"###$#&#%###%#"###'###"###!#$#$#!#&#'###%#%#$#$#!#%#)#"###!#*#"# #&#&#$#&###"#$#&#'#'#"#$#(###$#&#$#!#(#$#!#"###(#$#&###,#(## ###"#$#'#'#"###)#$###"#!#"#'###&#%#&###"#$#"#$#"#%##&###%# #"#(#'# #&#"###%#'#%#$#&#'#$#&###%#$###(#&#%#"#"######+#&####(#"###!#"#!#+###%#"#%###%#%#(#&# #$#$# ###%#&# ###%###(#%###!#'#%#(#"#$###########'#$#!# #"#### # #!###"#'#%#!###"#%#"#"#%#"#!# ###'#"#&#(#*#"###%###%#'###%#"####$###&# #'#&#"#$#"####(#$#$###"#'#%#)######"#$#&# ### ###&#&#'#"###%# #%###"#"#!#$#$#&#######$#*#+#*#$#$#$#"####%#$# #%# #$#*###"#*#&#&#$# ###"### #"#*#"#$#!#'# ###'# #)### #$# #!###"#%# #'# ###'#%###(#'#(#!# #"# #$###&###)#$#)#"# #####)#"#"##-##'#%###"#'#%#'#"#%#$#$###(#,#$###(###(#-###!#&#$#$#+#&#)#%###(#,#!#%###(#'#####$#'##%##%#(#&###$##+#%#'#(#'#'###&#%#'#$#&#&#'#####!# #%###$# #$#%###"# #(#%#&#!#%#'###&###$#)#"#)#.####)#'#,#%#$#%#"#-###'######'#!#*#####%#'#&#%#(###$#%###&#%#"#&#%#%#%#+###"#)### #&#!#$#"###&##)#%#(###'#+###+#$# #)#'#%##&###$###&# #(#"#'#(###(#)#$#$#$#$#!#"#####&#$#(###%#"#+###$#!#$#&#'#(###'###(#"#%#$#!##)#####!#%#&#!# ###%#(###%#"#'#$#&#$# #$###%#&#"#"#(#%#&#%###"#)#(#$#*###!# ###+#*#$#%#'#%# #,###'#####)##)#%#$#####$##"#"#'###%#*###(#%# #!#$#$#'# ###&#)#&#$##)#&#####!#!#(#$#)#(##%###"#%#-#"###,######&###&#$#&## ####"#*# #"#!#&#$#)###&#(#$#'# #)#.#(###$###"#'#$#&#(#'###!#&#####&#%#"#&#####!#(#$#!#(#"#&#### #&#######,#!###$##%###!#"#'#&###$###(#"#'#!#(#%###!#)###!#$#"###)###%#,#'#%#+#"#'#$###'#+#"#'#"#'#$#(###$#"#'#'#)###!#&###!#'###&#'###)#'###&#'#'#&# #&# #"#####'#'# #$#%#'#(###'#%#)#"#$#&#'#'###)#"###&#)#'#!#+###&#'#%#&#*#&#$#&###'#(#(#"##!#-####%#"#%#$#&#"#!# ###&#"#&#"#+#!#(#"###'#,#&#!#&#!#'#####&#)###&#(#$#$#$###!#,#&#'#"#*#$#"###)#$#####'###!# ###.#"#+#'#&#&#$#!###&#&#)#"#"#%#'#(###$#%#%#)###$# # #####'#'#&##)#%#####'#"#!#)###%#%#"###&#%###&#####&#(### ###!#%# #(#&#$###*#$#'#&#&#&#,#-###$#)#,#&# #&#'#(###$#$#)#"#&#$# #####"#%#(#"#%##-#'###(#%#+### #$#$# ###$#&#'##!#&###"#####(#(#&#%#)#&#(###%#&#"#!# #"#!#)###$#&# #(#)###%#'####)#%#(#$#'#&#####(#,###&#!#!#,#&###*#%## #"#&#$#%###$# #!# ##'#'#&###&# #)###%#'#!#$#####'#$#$#&#$#)#%####'#!#$# #$#%#"###$# #(#&#&#%#$#(###+#!#$#$# #(#######'###$#(##)#(#!###"#$#!#$###'#%#$###%#)###$####"#######'#&#&#'#'# #%####$###"##&#&#!###'#!#%#&#)#+#"#####$#%#"#!#%#$#)#'###%##&#"#&#%#&#"####)#####"#######'#&#'#&#$# #'#&#####"#'#+#,#"# #,#####!#&#&#(#&#(#"###### #*#!#$#+#*###+#"#$#&#*#"#)#"###,# #(##&#)###,###(#)#(#!#$#!#$#)###,#"#$#$#"#'#'#.###*#$###%#+#!#&####$#"# #%#%#%#%# ###%#"### #(#'###&###%#(#(#!#%##)#$###%#&#%#+#(#-#(#)###$#'#####*# #)#&###&###%#&#%#$#.#.###(#(#%#(#"##+#%#####)#!###!#%#%#&###(#$#%###!#(#&#(###%#"#######%###(###*###&# #%#$#%#*###$#&#)#&#&#$#*#'###&###$#%#$#(#######(#$#*##"#$#)###"#$## #)#&#"#$###"#)#!###$#(#(#%###%#(#&#&#(###'#%###'#'#&#"#%#(#%#&###%#"# ##$###!#!###'#(####,#"#####"#$#"#%###"#(#%###"#(#%#'######(### #"##'##*#"####&###+#'#'#(#$#'###'# #"#%#(#$#$#####(#$#%###'#(##!#####'###'#(#&#(#%#######%#(#)#(#'#%###)#&#&#)#$#%#'#%### #(#'#$#"#$#%#'###(#"#$####%###%###*# #(#$#$#!#'#'###$# # #(# ###"#&###+#(#"#%#!#$#"#'########$#$#'###(###'#!###!#&#"#&#.#####&###&#(#*#$#&###"#&###,#!###'####$#&#&#*#)#(#&#####&#&#%#####&#%#%#######$#'####%#"#####(#&#%#(#'#&#%###&#$#%#'#!###+#'###'#%#&#'#(#$###&###%#!#&# #%#$#$#"###"#####"#"#$#!###&#$#(#&#!#$#'#'###'#$#%#*#"###%#&###!#'###$###!#%####(# #'#"#'#%#$#####$#,#$#*#&#*#"#&###'#%#&#(#%#)# #(###$#&#%#(#%#$#*#"#####&#&#!#(# #####*#%#'#$#&###$#(###&#,# ###&#)# #"###'#&#%#!#$#(#"#%###!# #"#%#$#%#'#%###*#&#####%#%#%#%###&#!#%#"#(# #'#'###&#$#&#'#+#&#'#$###+#.#$#'#$#"### ###(#!#%#$#"#&#$#####&#%#'#"#%#$#(#$#####'###(#!#%#)#"###)#%#"#'###"#%#####%#%##$#(#$#&#(###!#"#&#&#"#%# #!###(#(#"#"#$##)#+##A#&" Ilha dos Amores Os Lusadas B" A#7>" Da Estncia 18 do Canto IX Estncia 143 do Canto XB"  A# " B" A# " Lus de CamesB" A# " B" A#8" As Estncias 10 a 95 do Canto IX e as Estncias 1 a 143 do Canto X, aqui publicadas, foram extradas da edio de Os Lusadas do Instituo Cames, que gentilmente autorizou a sua publicao.B"    < <  A# " B" A#$" 1996, Parque EXPO 98. S.A.B" A# " B" A# " ISBN 972-8127-35-9B" A#" Lisboa, Julho de 1996B" A# " B" A#")" Verso para dispositivos mveis: B"`   A#$" 2009, Instituto Cames, I.P.B" A# " B" A#  " ***B"l A# " B" A# " B" A# " B" A# " B" A# " ILHA DOS AMORESB" A# " B" A# " B" A# " B" A# " B" A# " B" A#  " IXB"H A# " B" A#  " 18 B"l A#$+" Porm a Deusa Cpria, que ordenada B"  D A# '" Era, pera favor dos Lusitanos, B"   A#(/" Do Padre Eterno, e por bom gnio dada, B"   A#'." Que sempre os guia j de longos anos, B"`  A##*" A glria por trabalhos alcanada, B"   A##*" Satisfao de bem sofridos danos, B"  A#&-" Lhe andava j ordenando, e pretendia B"  h A#%," Dar-lhe nos mares tristes, alegria. B"  D A# " B" A#  " 19 B"l A##*" Despois de ter um pouco revolvido B"<  h A#%," Na mente o largo mar que navegaram, B"`   A#$+" Os trabalhos que pelo Deus nascido B"   A#")" Nas Anfinias Tebas se causaram, B"  h A# '" J trazia de longe no sentido, B"  D A#%," Pera prmio de quanto mal passaram, B"  h A#+2" Buscar-lhe algum deleite, algum descanso, B" @ A#'." No Reino de cristal, lquido e manso; B"  D A# " B" A#  " 20 B"l A#'." Algum repouso, enfim, com que pudesse B"   A#%" Refocilar a lassa humanidade B" A#%," Dos navegantes seus, como interesse B"  h A#(/" Do trabalho que encurta a breve idade. B"  A#")" Parece-lhe razo que conta desse B"  A#!(" A seu filho, por cuja potestade B"  h A#$+" Os Deuses faz decer ao vil terreno B"   A#")" E os humanos subir ao Cu sereno.B"  A# " B" A#  " 21 B"l A#&" Isto bem revolvido, determina B" A##*" De ter-lhe aparelhada, l no meio B"  A#!(" Das guas, alga nsula divina, B"<   A#%," Ornada d' esmaltado e verde arreio; B"   A#%," Que muitas tem no reino que confina B"   A#%" Da primeira co terreno seio, B" A#&" Afora as que possui soberanas B" A#$+" Pera dentro das portas Herculanas. B"   A# " B" A#  " 22 B"l A#$+" Ali quer que as aquticas donzelas B"  D A#&" Esperem os fortssimos bares B" A#$+" (Todas as que tm ttulo de belas, B"  A#%," Glria dos olhos, dor dos coraes) B"  h A#$+" Com danas e coreias, porque nelas B"  A#$" Influr secretas afeies, B" A##*" Pera com mais vontade trabalharem B"   A#$+" De contentar a quem se afeioarem. B"   A# " B" A#  " 23 B"l A#%," Tal manha buscou j pera que aquele B"  A#%," Que de Anquises pariu, bem recebido B"  D A#")" Fosse no campo que a bovina pele B"  A#%," Tomou de espao, por sutil partido. B"  D A#&-" Seu filho vai buscar, porque s nele B"   A#")" Tem todo seu poder, fero Cupido, B"`   A#'." Que, assi como naquela empresa antiga B"  A#(/" A ajudou j, nestoutra a ajude e siga. B"`  A# " B" A#  " 24 B"l A#%," No carro ajunta as aves que na vida B"   A#&-" Vo da morte as exquias celebrando, B"`   A#$+" E aquelas em que j foi convertida B"<   A#!(" Perstera, as boninas apanhando;B"  h A##*" Em derredor da Deusa, j partida, B"`  D A#%," No ar lascivos beijos se vo dando; B"  A#%," Ela, por onde passa, o ar e o vento B"  A##*" Sereno faz, com brando movimento. B"   A# " B" A#  " 25 B"l A##*" J sobre os Idlios montes pende, B"  A#%," Onde o filho frecheiro estava ento,B"  A#'." Ajuntando outros muitos, que pretende B"  D A#"" Fazer ua famosa expedio B" A#(/" Contra o mundo revelde, por que emende B"   A#'." Erros grandes que h dias nele esto, B"   A#$+" Amando cousas que nos foram dadas, B"  A#")" No pera ser amadas, mas usadas. B"`   A# " B" A#  " 26B"H A#!(" Via Acton na caa to austero, B"  D A##*" De cego na alegria bruta, insana, B"   A#&-" Que, por seguir um feio animal fero, B"<  A#$+" Foge da gente e bela forma humana; B"   A#$+" E por castigo quer, doce e severo, B"   A##*" Mostrar-lhe a fermosura de Diana. B"  A##*" (E guarde-se no seja inda comido B"  A#*1" Desses ces que agora ama, e consumido). B"   A# " B" A#  " 27B"H A#")" E v do mundo todo os principais B"   A#$+" Que nenhum no bem pbrico imagina; B"  D A#")" V neles que no tm amor a mais B"  A#-4" Que a si somente, e a quem Filucia ensina; B" d A#&-" V que esses que frequentam os reais B"  D A#%," Paos, por verdadeira e s doutrina B"  D A##*" Vendem adulao, que mal consente B"`  D A#$+" Mondar-se o novo trigo florecente. B"   A# " B" A#  " 28B"H A#$+" V que aqueles que devem pobreza B"   A#")" Amor divino, e ao povo caridade, B"  h A# '" Amam somente mandos e riqueza, B"  D A#")" Simulando justia e integridade; B"  A#&" Da feia tirania e de aspereza B" A# '" Fazem direito e v severidade; B"   A#&-" Leis em favor do Rei se estabelecem, B"<  A#!(" As em favor do povo s perecem. B"  D A# " B" A#  " 29 B"l A#(/" V, enfim, que ningum ama o que deve, B"  h A#!(" Seno o que somente mal deseja. B"<   A#$+" No quer que tanto tempo se releve B"  A#")" O castigo que duro e justo seja. B"  A#%," Seus ministros ajunta, por que leve B"  D A#%" Exrcitos conformes peleja B" A#&-" Que espera ter co a mal regida gente B"<  A#")" Que lhe no for agora obediente. B"   A# " B" A#  " 30B"H A# '" Muitos destes mininos voadores B"  D A#$+" Esto em vrias obras trabalhando: B"  A#!(" Uns amolando ferros passadores, B"   A#%," Outros hsteas de setas delgaando. B"<   A#(/" Trabalhando, cantando esto de amores, B"   A#")" Vrios casos em verso modulando; B"   A#%" Melodia sonora e concertada, B" A#")" Suave a letra, anglica a soada. B"  A# " B" A#  " 31B"H A#$+" Nas frguas imortais onde forjavam B"  D A#&-" Pera as setas as pontas penetrantes, B"<  A#%," Por lenha coraes ardendo estavam, B"  D A##*" Vivas entranhas inda palpitantes; B"  A#%," As guas onde os ferros temperavam, B"<   A#")" Lgrimas so de mseros amantes; B"<  D A##*" A viva flama, o nunca morto lume, B"  A#'." Desejo s que queima e no consume. B"  D A# " B" A#  " 32B"H A#")" Alguns exercitando a mo andavam B"`   A##*" Nos duros coraes da plebe ruda; B"  A#!(" Crebros suspiros pelo ar soavam B"`  A#$+" Dos que feridos vo da seta aguda. B"  A#$+" Fermosas Ninfas so as que curavam B"   A#!(" As chagas recebidas, cuja ajuda B"  A#&-" No somente d vida aos mal feridos, B"  D A#'." Mas pe em vida os inda no nascidos. B"  h A# " B" A#  " 33B"H A#%," Fermosas so alguas e outras feias, B"  A#%," Segundo a qualidade for das chagas, B"   A#$+" Que o veneno espalhado pelas veias B"  A#$+" Curam-no s vezes speras triagas. B"  D A#!(" Alguns ficam ligadas em cadeias B"<   A#%," Por palavras sutis de sbias magas; B"  A#)0" Isto acontece s vezes, quando as setas B"< @ A#")" Acertam de levar ervas secretas. B"  h A# " B" A#  " 34B"H A#!(" Destes tiros assi desordenados, B"d  A#*1" Que estes moos mal destros vo tirando, B"  A#")" Nascem amores mil desconcertados B"d  A# '" Entre o povo ferido miserando; B"   A#&-" E tambm nos heris de altos estados B"   A#&-" Exemplos mil se vm de amor nefando, B"  D A#$+" Qual o das moas Bbli e Cinireia, B"`  h A#&-" Um mancebo de Assria, um de Judeia. B"   A# " B" A#  " 35 B"l A#")" E vs, poderosos, por pastoras B"<  D A#$+" Muitas vezes ferido o peito vedes; B"  A#&-" E por baixos e rudos, vs, senhoras, B"  h A#'." Tambm vos tomam nas Vulcneas redes. B" d A#'." Uns esperando andais nocturnas horas, B" d A#")" Outros subis telhados e paredes; B"<  D A#$+" Mas eu creio que deste amor indino B"  A#(/" mais culpa a da me que a do minino. B"   A# " B" A#  " 36B"H A#$+" Mas j no verde prado o carro leve B"  A#&-" Punham os brancos cisnes mansamente; B"`   A#$+" E Dione, que as rosas entre a neve B"  A#!(" No rosto traz, decia diligente. B"   A#(/" O frecheiro que contra o Cu se atreve B"  h A#$+" A receb-la vem, lendo e contente; B"`  h A#!(" Vm todos os Cupidos servidores B"   A#")" Beijar a mo Deusa dos amores. B"`   A# " B" A#  " 37 B"l A#(/" Ela, por que no gaste o tempo em vo, B"`  A#$+" Nos braos tendo o filho, confiada B"  D A#&-" Lhe diz: - Amado filho, em cuja mo B"  D A##*" Toda minha potncia est fundada; B"`  D A#,3" Filho, em quem minhas foras sempre esto, B"  A#(/" Tu, que as armas Tifeias tens em nada, B"  D A#&" A socorrer-me a tua potestade B" A# '" Me traz especial necessidade. 3B" $ A# " B" A#  " 38 B"l A#")" Bem vs as Lusitnicas fadigas, B"<  D A#$+" Que eu j de muito longe favoreo, B"`  h A#'." Porque das Parcas sei, minhas amigas, B"   A#'." Que me ho-de venerar e ter em preo. B"  h A#")" E porque tanto imitam as antigas B"`   A##*" Obras de meus Romanos, me ofereo B"   A#)0" A lhe dar tanta ajuda, em quanto posso, B"  A#$+" A quanto se estender o poder nosso.B"  A# " B" A#  " 39 B"l A#")" E porque das insdias do odioso B"  A#!(" Baco foram na ndia molestados, B"   A#")" E das injrias ss do mar undoso B"  A#'." Puderam mais ser mortos que cansados, B"  h A##*" No mesmo mar, que sempre temeroso B"`  D A#&-" Lhe foi, quero que sejam repousados, B"`   A#%," Tomando aquele prmio e doce glria B"  A#&-" Do trabalho que faz clara a memria. B"  D A# " B" A#  " 40B"H A#")" E pera isso queria que, feridas B"`   A#$+" As filhas de Nereu no ponto fundo, B"  A#")" D' amor dos Lusitanos incendidas B"   A#$+" Que vm de descobrir o novo mundo, B"  A#")" Todas nua ilha juntas e subidas, B"<  D A#%," (Ilha que nas entranhas do profundo B"  D A#!" Oceano terei aparelhada, B" A#&-" De des de Flora e Zfiro adornada); B"   A# " B" A#  " 41 B"l A#%," Ali, com mil refrescos e manjares, B"  h A# '" Com vinhos odorferos e rosas, B"<  A#")" Em cristalinos paos singulares, B"   A#(/" Fermosos leitos, e elas mais fermosas; B"  h A#'." Enfim, com mil deleites no vulgares, B"  h A# '" Os esperem as Ninfas amorosas, B"  h A#&-" D' amor feridas, pera lhe entregarem B"   A#")" Quanto delas os olhos cobiarem. B"   A# " B" A#  " 42 B"l A#%," Quero que haja no reino Neptunino, B"`   A#'." Onde eu nasci, prognie forte e bela; B"   A#%," E tome exemplo o mundo vil, matino, B"   A#$+" Que contra tua potncia se rebela, B"   A#&-" Por que entendam que muro Adamantino B"   A#'." Nem triste hipocrisia val contra ela; B"   A#$+" Mal haver na terra quem se guarde B"  A#&-" Se teu fogo imortal nas guas arde. B"  A# " B" A#  " 43B"H A#%," Assi Vnus props; e o filho inico, B"  A#$+" Pera lhe obedecer, j se apercebe: B"`  h A##*" Manda trazer o arco ebrneo rico, B"  A#(/" Onde as setas de ponta de ouro embebe. B"  A#&-" Com gesto ledo a Cpria, e impudico, B"  h A#%," Dentro no carro o filho seu recebe; B"   A#")" A rdea larga s aves cujo canto B"  A#")" A Faetonteia morte chorou tanto. B"  A# " B" A#  " 44B"H A##*" Mas diz Cupido que era necessria B"   A#&" Ua famosa e clebre terceira, B" A#+2" Que, posto que mil vezes lhe contrria, B"  A#&-" Outras muitas a tem por companheira: B"<  A#&" A Deusa Giganteia, temerria, B" A##*" Jactante, mentirosa e verdadeira, B"   A#(/" Que com cem olhos v, e, por onde voa, B"  h A#")" O que v, com mil bocas apregoa. B"<  D A# " B" A#  " 45B"H A#!(" Vo-a buscar e mandam-a diante, B"<   A#")" Que celebrando v com tuba clara B"  A#!(" Os louvores da gente navegante, B"   A#+2" Mais do que nunca os d' outrem celebrara. B"<  A##*" J, murmurando, a Fama penetrante B"   A#%," Pelas fundas cavernas se espalhara; B"`   A#")" Fala verdade, havia por verdade, B"<  D A#%," Que junto a Deusa traz Credulidade. B"  A# " B" A#  " 46 B"l A#%," O louvor grande, o rumor excelente, B"`   A#%," No corao dos Deuses que indinados B"  h A#(/" Foram por Baco contra a ilustre gente, B"<  A#&-" Mudando, os fez um pouco afeioados. B"`   A# '" O peito feminil, que levemente B"  h A#$+" Muda quaisquer propsitos tomados, B"  D A#$+" J julga por mau zelo e por crueza B"  A# '" Desejar mal a tanta fortaleza. B"   A# " B" A#  " 47B"H A#%," Despede nisto o fero moo as setas, B"  A#&-" Ua aps outra: geme o mar cos tiros; B"  A# '" Direitas pelas ondas inquietas B"  h A##*" Alguas vo, e alguas fazem giros; B"  A#%," Caem as Ninfas, lanam das secretas B"  D A##*" Entranhas ardentssimos suspiros; B"<  h A#(/" Cai qualquer, sem ver o vulto que ama, B"  D A#%," Que tanto como a vista pode a fama. B"  A# " B" A#  " 48B"H A#!(" Os cornos ajuntou da ebrnea LuaB" l A#'." Com fora, o moo indmito, excessiva,B"  h A#%," Que Ttis quer ferir mais que nenhuaB"  A#(/" Porque mais que nenhua lhe era esquiva.B"   A#")" J no fica na aljava seta algua,B"  A#$+" Nem nos equreos campos Ninfa viva;B"  A##*" E se, feridas, inda esto vivendo,B"   A##*" Ser pera sentir que vo morrendo.B"`  D A# " B" A#  " 49B"H A##*" Dai lugar, altas e cerleas ondas,B"  A##*" Que, vedes, Vnus traz a medicina,B"`  D A#'." Mostrando as brancas velas e redondas,B"  D A#$+" Que vm por cima da gua Neptunina.B"`  h A#!(" Pera que tu recproco respondas,B"  h A# '" Ardente Amor, flama feminina,B"  D A#")" forado que a pudiccia honestaB"  A#&" Faa quanto lhe Vnus amoesta.B"   A# " B" A#  " 50B"H A# '" J todo o belo coro se aparelhaB"   A# '" Das Nereidas, e junto caminhavaB"  D A#!(" Em coreias gentis, usana velha,B"  A##*" Pera a ilha a que Vnus as guiava.B"  A#")" Ali a fermosa Deusa lhe aconselhaB"<  D A#'." O que ela fez mil vezes, quando amava;B"`  A#%," Elas, que vo do doce amor vencidas,B"  D A#!(" Esto a seu conselho oferecidas.B"   A# " B" A#  " 51 B"l A#")" Cortando vo as naus a larga via B"  A#%," Do mar ingente pera a ptria amada, B"  A#")" Desejando prover-se de gua fria B"  A#")" Pera a grande viagem prolongada, B"   A#%," Quando, juntas, com sbita alegria, B"  D A#")" Houveram vista da Ilha namorada, B"  h A#!(" Rompendo pelo cu a me fermosa B"<   A# '" De Mennio, suave e deleitosa. B"   A# " B" A#  " 52 B"l A#'." De longe a Ilha viram, fresca e bela, B"   A#")" Que Vnus pelas ondas lha levava B"  A#&-" (Bem corno o vento leva branca vela) B"<  A#(/" Pera onde a forte armada se enxergava; B"   A#*1" Que, por que no passassem, sem que nela B"  A#")" Tornassem porto, corno desejava, B"  h A##*" Pera onde as naus navegam a movia B"  A#%," A Acidlia, que tudo, enfim, podia. B"  A# " B" A#  " 53 B"l A#%," Mas firme a fez e imbil, corno viu B"  h A#'." Que era dos Nautas vista e demandada, B"   A##*" Qual ficou Delos, tanto que pariu B"  A#%," Latona Febo e a Deusa caa usada. B"  A#")" Pera l logo a proa o mar abriu, B"  A#&" Onde a costa fazia ua enseada B" A##*" Curva e quieta, cuja branca areia B"  A#$+" Pintou de ruivas conchas Citereia. B"`  h A# " B" A#  " 54B"H A#&-" Trs fermosos outeiros se mostravam, B"   A# '" Erguidos com soberba graciosa, B"  h A#'." Que de gramneo esmalte se adornavam, B"   A#&-" Na fermosa Ilha, alegre e deleitosa. B"   A#")" Claras fontes e lmpidas manavam B"`   A#$+" Do cume, que a verdura tem viosa; B"   A#")" Por entre pedras alvas se deriva B"  A##" A sonorosa linfa fugitiva. B" A# " B" A#  " 55B"H A#(/" Num vale ameno, que os outeiros fende, B" @ A#$+" Vinham as claras guas ajuntar-se, B"   A#$+" Onde ua mesa fazem, que se estende B"   A##*" To bela quanto pode imaginar-se. B"  A#")" Arvoredo gentil sobre ela pende, B"  A#'." Como que pronto est pera afeitar-se, B"   A#%," Vendo-se no cristal resplandecente, B" @ A#)0" Que em si o est pintando propriamente. B"  A# " B" A#  " 56B"H A##*" Mil rvores esto ao cu subindo, B"`  D A#&" Com pomos odorferos e belos; B" A#")" A laranjeira tem no fruito lindo B"  A#$+" A cor que tinha Dafne nos cabelos. B"  D A#&-" Encosta-se no cho, que est caindo, B"   A# '" A cidreira cos pesos amarelos; B"  h A##*" Os fermosos limes ali cheirando, B"   A# '" Esto virgneas tetas imitando.B"  D A# " B" A#  " 57B"H A#&-" As rvores agrestes, que os outeiros B"  D A#&-" Tm com frondente coma ennobrecidos, B"  A#'." lemos so de Alcides, e os loureiros B"  h A#")" Do louro Deus amados e queridos; B"  h A##*" Mirtos de Citereia, cos pinheiros B"<  h A#%," De Cibele, por outro amor vencidos; B"  h A# '" Est apontado o agudo cipariso B"  D A#%," Pera onde posto o etreo Paraso. B"  D A# " B" A#  " 58 B"l A#")" Os des que d Pomona ali Natura B"  A#")" Produze, diferentes nos sabores, B"<  D A#!(" Sem ter necessidade de cultura, B"  D A#$+" Que sem ela se do muito milhores: B"`  h A#$+" As cereijas, purpreas na pintura, B"  D A#&-" As amoras, que o nome tm de amores, B"   A##*" O pomo que da ptria Prsia veio, B"  A##*" Milhor tornado no terreno alheio; B"   A# " B" A#  " 59B"H A#$+" Abre a rom, mostrando a rubicunda B"`  h A#*1" Cor, com que tu, rubi, teu preo perdes; B"  A#+2" Entre os braos do ulmeiro est a jocunda B"  A#*1" Vide, cuns cachos roxos e outros verdes; B"  A#$+" E vs, se na vossa rvore fecunda, B"  D A#$+" Peras piramidais, viver quiserdes, B"<   A#$+" Entregai-vos ao dano que cos bicos B"  A#")" Em vs fazem os pssaros inicos. B"`   A# " B" A#  " 60 B"l A#%" Pois a tapearia bela e fina B" A#%," Com que se cobre o rstico terreno, B"  D A#$+" Faz ser a de Aquemnia menos dina, B"  A# '" Mas o sombrio vale mais ameno. B"<  A#%," Ali a cabea a flor Cifsia inclina B"   A# '" Sbolo tanque lcido e sereno; B"   A#$+" Florece o filho e neto de Ciniras, B"  D A#*1" Por quem tu, Deusa Pfia, inda suspiras. B"  A# " B" A#  " 61 B"l A#")" Pera julgar, difcil cousa fora, B"  A#*1" No cu vendo e na terra as mesmas cores, B"  A#&-" Se dava s flores cor a bela Aurora, B"   A#&-" Ou se lha do a ela as belas flores. B"   A#$+" Pintando estava ali Zfiro e Flora B"  A# '" As violas da cor dos amadores, B"  h A##*" O lrio roxo, a fresca rosa bela, B"  A#")" Qual reluze nas faces da donzela;B"`   A#  " B"$ A#  " 62 B"l A# '" A cndida cecm, das matutinas B"  h A#")" Lgrimas rociada, e a manjerona; B"   A#*1" Vm-se as letras nas flores Hiacintinas, B"  A#")" To queridas do filho de Latona. B"`   A#$+" Bem se enxerga nos pomos e boninas B"   A#!(" Que competia Clris com Pomona. B"<   A#'." Pois, se as aves no ar cantando voam, B"  A# '" Alegres animais o cho povoam. B"   A# " B" A#  " 63 B"l A#'." Ao longo da gua o nveo cisne canta; B"`  A# '" Responde-lhe do ramo filomela; B"  h A#)0" Da sombra de seus cornos no se espanta B"   A##*" Acteon n' gua cristalina e bela. B"  A# '" Aqui a fugace lebre se levanta B"   A#$+" Da espessa mata, ou tmida gazela; B"   A# '" Ali no bico traz ao caro ninho B"`  A#!(" O mantimento o leve passarinho. B"   A# " B" A#  " 64 B"l A#")" Nesta frescura tal desembarcavam B"  A#%," J das naus os segundos Argonautas, B"<   A# '" Onde pela floresta se deixavam B"  D A#'." Andar as belas Deusas, como incautas. B"  h A# '" Algas, doces ctaras tocavam; B"  D A##*" Algas, harpas e sonoras frautas; B"`  D A#'." Outras, cos arcos de ouro, se fingiam B"   A#%," Seguir os animais, que no seguiam. B"  D A# " B" A#  " 65 B"l A#(/" Assi lho aconselhara a mestra experta: B"  D A#'." Que andassem pelos campos espalhadas; B"   A#(/" Que, vista dos bares a presa incerta, B"  D A#!(" Se fizessem primeiro desejadas. B"   A# '" Algas que na forma descoberta B"   A#")" Do belo corpo estavam confiadas, B"   A# '" Posta a artificiosa fermosura, B"   A#$+" Nuas lavar se deixam na gua pura. B"  A# " B" A#  " 66 B"l A#&-" Mas os fortes mancebos, que na praia B"  D A##*" Punham os ps, de terra cobiosos B"<  h A#)0" (Que no h nenhum deles que no saia), B"   A#$+" De acharem caa agreste desejosos, B"<   A#)0" No cuidam que, sem lao ou redes, caia B"   A#")" Caa naqueles montes deleitosos, B"   A# '" To suave, domstica e benina, B"   A##*" Qual ferida lha tinha j Ericina. B"`  D A# " B" A#  " 67 B"l A#)0" Alguns, que em espingardas e nas bestas B"   A#")" Pera ferir os cervos, se fiavam, B"`   A#")" Pelos sombrios matos e florestas B"  h A#&" Determinadamente se lanavam; B" A#-4" Outros, nas sombras, que de as altas sestas B" @ A#&" Defendem a verdura, passeavam B" A#'." Ao longo da gua, que, suave e queda, B"  D A#%," Por alvas pedras corre praia leda.B"`   A# " B" A#  " 68B"H A#")" Comeam de enxergar subitamente, B"  A#'." Por entre verdes ramos, vrias cores, B"<  A#%," Cores de quem a vista julga e sente B"  A#'." Que no eram das rosas ou das flores, B"   A#")" Mas da l fina e seda diferente, B"   A#%," Que mais incita a fora dos amores, B"   A#$+" De que se vestem as humanas rosas, B"  A#$+" Fazendo-se por arte mais fermosas. B"`  h A# " B" A#  " 69 B"l A#(/" D Veloso, espantado, um grande grito: B"`  A#,3" - Senhores, caa estranha (disse) esta! B" @ A#$+" Se inda dura o Gentio antigo rito, B"  A##*" A Deusas sagrada esta floresta. B"<  h A#(/" Mais descobrimos do que humano esprito B"<  A##*" Desejou nunca, e bem se manifesta B"<  h A#(/" Que so grandes as cousas e excelentes B"   A#-4" Que o mundo encobre aos homens imprudentes. B"<  A# " B" A#  " 70B"H A#!(" Sigamos estas Deusas e vejamos B"<   A#&-" Se fantsticas so, se verdadeiras. B"  A#$+" Isto dito, veloces mais que gamos, B"  A#$+" Se lanam a correr pelas ribeiras. B"`  h A#+2" Fugindo as Ninfas vo por entre os ramos, B" @ A#&-" Mas, mais industriosas que ligeiras, B"  h A#)0" Pouco a pouco, sorrindo e gritos dando, B"  A#%," Se deixam ir dos galgos alcanando. B"<   A# " B" A#  " 71B"H A#(/" De ua os cabelos de ouro o vento leva, B"   A#,3" Correndo, e da outra as fraldas delicadas; B"<  A#!(" Acende-se o desejo, que se ceva B"  A#%," Nas alves carnes, sbito mostradas. B"`   A##*" Ua de indstria cai, e j releva, B"   A#(/" Com mostras mais macias que indinadas, B"   A#'." Que sobre ela, empecendo, tambm caia B"   A##*" Quem a seguiu pela arenosa praia. B"  A# " B" A#  " 72 B"l A#$+" Outros, por outra parte, vo topar B"  A#'." Com as Deusas despidas, que se lavam; B"  h A#&" Elas comeam sbito a gritar, B" A#%," Como que assalto tal no esperavam; B"`   A#$" Uas, fingindo menos estimar B" A#%," A vergonha que a fora, se lanavam B"  D A#(/" Nuas por entre o mato, aos olhos dando B"   A#&-" O que s mos cobiosas vo negando; B"  D A# " B" A#  " 73 B"l A#$+" Outra, como acudindo mais depressa B"  D A#&" vergonha da Deusa caadora, B" A#+2" Esconde o corpo n' gua; outra se apressa B"` d A#%," Por tomar os vestidos que tem fora. B"  A#'." Tal dos mancebos h que se arremessa, B"   A#(/" Vestido assi e calado (que, co a mora B"  h A#'." De se despir, h medo que inda tarde) B"   A#'." A matar na gua o fogo que nele arde. B"   A# " B" A#  " 74 B"l A#&-" Qual co de caador, sagaz e ardido, B"   A#%," Usado a tomar na gua a ave ferida, B"   A#'." Vendo [] rosto o frreo cano erguido B"   A#$+" Pera a garcenha ou pata conhecida, B"<   A#&-" Antes que soe o estouro, mal sofrido B"   A#&-" Salta n' gua e da presa no duvida, B"   A#'." Nadando vai e latindo: assi o mancebo B"   A##*" Remete que no era irm de Febo.B"  A# " B" A#  " 75 B"l A#!(" Leonardo, soldado bem disposto, B"  h A# '" Manhoso, cavaleiro e namorado, B"  h A#%," A quem Amor no dera um s desgosto B"  D A##*" Mas sempre fora dele mal tratado, B"`  D A#$+" E tinha j por firme pros[s]uposto B"  A# '" Ser com amores mal afortunado, B"   A#$+" Porm no que perdesse a esperana B"`  h A#%," De inda poder seu fado ter mudana, B"  D A# " B" A#  " 76 B"l A#")" Quis aqui sua ventura que corria B"  A# '" Aps Efire, exemplo de beleza, B"   A#(/" Que mais caro que as outras dar queria B"   A#%," O que deu, pera dar-se, a natureza. B"  h A#&-" J cansado, correndo, lhe dizia: -.. B"   A#!(" fermosura indina de aspereza, B"  h A#%," Pois desta vida te concedo a palma, B"  A#'." Espera um corpo de quem levas a alma! B"   A# " B" A#  " 77B"H A#&-" Todas de correr cansam, Ninfa pura, B"`   A##*" Rendendo-se vontade do inimigo; B"`  D A#$+" Tu s de mi s foges na espessura? B"<   A#)0" Quem te disse que eu era o que te sigo? B"  A#")" Se to tem dito j aquela ventura B"`   A#)0" Que em toda a parte sempre anda comigo, B"  A#.5" Oh, no na creias, porque eu, quando a cria, B"  A#&" Mil vezes cada hora me mentia.B"  A# " B" A#  " 78 B"l A#)0" No canses, que me cansas! E se queres B"  h A#'." Fugir-me, por que no possa tocar-te, B"  h A#,3" Minha ventura tal que, inda que esperes, B"  A#%," Ela far que no possa alcanar-te. B"  A#$+" Espera; quero ver, se tu quiseres, B"`  h A#%," Que sutil modo busca de escapar-te; B"<   A#")" E notars, no fim deste sucesso, B"<  D A#-4" 'Tra la spica e la man qual muro he messo.' B" @ A# " B" A#  " 79 B"l A#'." Oh! No me fujas! Assi nunca o breve B"   A#%" Tempo fuja de tua fermosura; B" A##*" Que, s com refrear o passo leve, B"  A##*" Vencers da fortuna a fora dura. B"  A#'." Que Emperador, que exrcito se atreve B"  h A#!(" A quebrantar a fria da ventura B"<   A#*1" Que, em quanto desejei, me vai seguindo, B"  A##*" O que tu s fars no me fugindo? B"`  D A# " B" A#  " 80 B"l A#%," Pes-te da parte da desdita minha? B"  A#'." Fraqueza dar ajuda ao mais potente. B"  D A#&-" Levas-me um corao que livre tinha? B"  A#%," Solta-mo e corrers mais levemente. B"`   A#(/" No te carrega essa alma to mesquinha B"  h A##*" Que nesses fios de ouro reluzente B"<  h A#$+" Atada levas? Ou, despois de presa, B"  A#%," Lhe mudaste a ventura e menos pesa? B"  A# " B" A#  " 81 B"l A#&-" Nesta esperana s te vou seguindo: B"  h A#%," Que ou tu no sofrers o peso dela, B"  A#")" Ou na virtude de teu gesto lindo B"  A#&-" Lhe mudars a triste e dura estrela. B"  D A#%," E se se lhe mudar, no vs fugindo, B"  D A#%," Que Amor se ferir, gentil donzela, B"  D A#%," E tu me esperars, se Amor te fere; B"  A#+2" E se me esperas, no h mais que espere. B"  A# " B" A#  " 82 B"l A#")" J no fugia a bela Ninfa tanto, B"  A#)0" Por se dar cara ao triste que a seguia, B"  h A##*" Como por ir ouvindo o doce canto, B"  A# '" As namoradas mgoas que dizia. B"<  A#&-" Volvendo o rosto, j sereno e santo, B"  A#!(" Toda banhada em riso e alegria, B"  D A#$+" Cair se deixa aos ps do vencedor, B"`  h A#")" Que todo se desfaz em puro amor. B"  A# " B" A#  " 83B"H A#&-" Oh, que famintos beijos na floresta, B"  h A#&" E que mimoso choro que soava! B" A#)0" Que afagos to suaves! Que ira honesta, B"  A#%," Que em risinhos alegres se tornava! B"  D A#(/" O que mais passam na manh e na sesta, B"  h A##*" Que Vnus com prazeres inflamava, B"   A#'." Milhor experiment-lo que julg-lo; B"  h A#+2" Mas julgue-o quem no pode experiment-lo.B"  A# " B" A#  " 84 B"l A#+2" Destarte, enfim, conformes j as fermosas B"   A#$+" Ninfas cos seus amados navegantes, B"   A# '" Os ornam de capelas deleitosas B"   A#)0" De louro e de ouro e flores abundantes. B"   A#'." As mos alvas lhe davam como esposas; B"  D A#%," Com palavras formais e estipulantes B"  A#&" Se prometem eterna companhia, B" A#&-" Em vida e morte, de honra e alegria. B"  D A# " B" A#  " 85B"H A#$+" Ua delas, maior, a quem se humilha B"   A##*" Todo o coro das Ninfas e obedece, B"`  D A#&-" Que dizem ser de Celo e Vesta filha, B"  A# '" O que no gesto belo se parece, B"   A#(/" Enchendo a terra e o mar de maravilha, B"   A#")" O capito ilustre, que o merece, B"`   A#'." Recebe ali com pompa honesta e rgia, B"  D A#(/" Mostrando-se senhora grande e egrgia. B"  D A# " B" A#  " 86 B"l A#(/" Que, despois de lhe ter dito quem era, B"  h A#)0" Cum alto exrdio, de alta graa ornado, B"  A#$+" Dando-lhe a entender que ali viera B"  A#$+" Por alta influio do imbil fado, B"  A#$+" Pera lhe descobrir da unida esfera B"  A#$+" Da terra imensa e mar no navegado B"  D A#!(" Os segredos, por alta profecia, B"  h A#")" O que esta sua nao s merecia, B"<  D A# " B" A#  " 87 B"l A##*" Tomando-o pela mo, o leva e guia B"  A#&-" Pera o cume dum monte alto e divino, B"   A#$+" No qual ua rica fbrica se erguia, B"   A#(/" De cristal toda e de ouro puro e fino. B"  A##*" A maior parte aqui passam do dia, B"  A#%," Em doces jogos e em prazer contino. B"  D A#")" Ela nos paos logra seus amores, B"`   A#+2" As outras pelas sombras, entre as flores. B"` d A# " B" A#  " 88 B"l A#$+" Assi a fermosa e a forte companhia B"`  h A#!(" O dia qusi todo esto passando B"  D A#$+" Nua alma, doce, incgnita alegria, B"  D A#&-" Os trabalhos to longos compensando. B"<  A#'." Porque dos feitos grandes, da ousadia B"   A#(/" Forte e famosa, o mundo est guardando B"  h A##*" O prmio l no fim, bem merecido, B"<  h A#'." Com fama grande e nome alto e subido. B"   A# " B" A#  " 89 B"l A#(/" Que as Ninfas do Oceano, to fermosas, B"  h A#")" Ttis e a Ilha anglica pintada, B"<  D A#%," Outra cousa no que as deleitosas B"`   A#$+" Honras que a vida fazem sublimada. B"<   A#!(" Aquelas preminncias gloriosas, B"   A#&" Os triunfos, a fronte coroada B" A#)0" De palma e louro, a glria e maravilha, B"   A##*" Estes so os deleites desta Ilha. B"  A# " B" A#  " 90B"H A#!(" Que as imortalidades que fingia B"`  A#%," A antiguidade, que os Ilustres ama, B"  A#&-" L no estelante Olimpo, a quem subia B"   A#!(" Sobre as asas nclitas da Fama, B"  A# '" Por obras valerosas que fazia, B"<  A##*" Pelo trabalho imenso que se chama B"  A#%," Caminho da virtude, alto e fragoso, B"  D A#(/" Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso, B"   A# " B" A#  " 91 B"l A#%," No eram seno prmios que reparte, B"  D A#")" Por feitos imortais e soberanos, B"   A#'." O mundo cos vares que esforo e arte B"  A#$+" Divinos os fizeram, sendo humanos. B"  D A#&-" Que Jpiter, Mercrio, Febo e Marte, B"  A#$+" Eneas e Quirino e os dous Tebanos, B"  D A# '" Ceres, Palas e Juno com Diana, B"<  A#$+" Todos foram de fraca carne humana. B"   A# " B" A#  " 92B"H A#%," Mas a Fama, trombeta de obras tais, B"  A#&-" Lhe deu no Mundo nomes to estranhos B"  h A#")" De Deuses, Semideuses, Imortais, B"  h A#")" Indgetes, Hericos e de Magnos. B"`   A#(/" Por isso, vs que as famas estimais, B"  h A#%," Se quiserdes no mundo ser tamanhos, B"  h A#&-" Despertai j do sono do cio ignavo, B"   A#%," Que o nimo, de livre, faz escravo. B"  D A# " B" A#  " 93 B"l A#")" E ponde na cobia um freio duro, B"  A#)0" E na ambio tambm, que indignadamente B"`  A#(/" Tornais mil vezes, e no torpe e escuro B"  D A#$+" Vcio da tirania infame e urgente; B"  D A#*1" Porque essas honras vs, esse ouro puro, B"   A##*" Verdadeiro valor no do gente: B"  A#!(" Milhor merec-los sem os ter, B"  A# '" Que possu-los sem os merecer. B"  D A# " B" A#  " 94B"H A#+2" Ou dai na paz as leis iguais, constantes, B"   A#*1" Que aos grandes no dem o dos pequenos, B"  A#$+" Ou vos vesti nas armas rutilantes, B"   A#%," Contra a lei dos imigos Sarracenos: B"<   A#'." Fareis os Reinos grandes e possantes, B"   A#%," E todos tereis mais e nenhum menos: B"  A# '" Possuireis riquezas merecidas, B"   A#,3" Com as honras que ilustram tanto as vidas. B" @ A# " B" A#  " 95 B"l A#'." E fareis claro o Rei que tanto amais, B"`  A##*" Agora cos conselhos bem cuidados, B"<  h A##*" Agora co as espadas, que imortais B"`  D A#)0" Vos faro, corno os vossos j passados. B"  h A#%" Impossibilidades no faais, B" A#)0" Que quem quis, sempre pde; e numerados B"  h A#%," Sereis entre os Heris esclarecidos B"  A#$+" E nesta Ilha de Vnus recebidos. B"<   A# " B" A#  " XB"$ A# " B" A#  " 1B"$ A#$+" Mas j o claro amador da Larisseia B"`  h A#&" Adltera inclinava os animais B" A#")" L pera o grande lago que rodeia B"  A#")" Temistito, nos fins Ocidentais; B"   A#'." O grande ardor do Sol Favnio enfreia B"   A##*" Co sopro que nos tanques naturais B"`  D A#%," Encrespa a gua serena e despertava B"`   A#*1" Os lrios e jasmins, que a calma agrava, B"  A# " B" A#  " 2 B"H A#(/" Quando as fermosas Ninfas, cos amantes B"   A#%," Pela mo, j conformes e contentes, B"`   A# '" Subiam pera os paos radiantes B"  h A#!(" E de metais ornados reluzentes, B"   A#$+" Mandados da Rainha, que abundantes B"<   A#$+" Mesas d' altos manjares excelentes B"<   A#'." Lhe tinha aparelhados, que a fraqueza B"  D A# '" Restaurem da cansada natureza. B"  h A# " B" A#  " 3 B"H A#&-" Ali, em cadeiras ricas, cristalinas, B"<  A#)0" Se assentam dous e dous, amante e dama; B"`  A#&-" Noutras, cabeceira, d' ouro finas, B"  A#$+" Est co a bela Deusa o claro Gama. B"  A#&" De iguarias suaves e divinas, B" A#)0" A quem no chega a Egpcia antiga fama, B"  A#&-" Se acumulam os pratos de fulvo ouro, B"`   A##*" Trazidos l do Atlntico tesouro. B"`  D A# " B" A#  " 4 B"H A#!(" Os vinhos odorferos, que acima B"  A#!(" Esto no s do Itlico Falerno B"<   A#(/" Mas da Ambrsia, que Jove tanto estima B"  A#$+" Com todo o ajuntamento sempiterno, B"   A#)0" Nos vasos, onde em vo trabalha a lima, B" d A#(/" Crespas escumas erguem, que no interno B"   A#&" Corao movem sbita alegria, B" A#%," Saltando co a mistura d' gua fria. B"  A# " B" A#  " 5 B"H A#")" Mil prticas alegres se tocavam; B"<  D A#%," Risos doces, sutis e argutos ditos, B"  A#-4" Que entre um e outro manjar se alevantavam, B" @ A#")" Despertando os alegres apetitos; B"  h A##*" Msicos instrumentos no faltavam B"`  D A#,3" (Quais, no profundo Reino, os nus espritos B"  A##*" Fizeram descansar da eterna pena) B"  A#%" Cua voz dua anglica Sirena. B" A# " B" A#  " 6 B"H A#&-" Cantava a bela Ninfa, e cos acentos, B"  D A##*" Que pelos altos paos vo soando, B"   A#&-" Em consonncia igual, os instumentos B"`   A#$+" Suaves vm a um tempo conformando. B"  A#&-" Um sbito silncio enfreia os ventos B"  A#&" E faz ir docemente murmurando B" A# '" As guas, e nas casas naturais B"  D A#%" Adormecer os brutos animais. B" A# " B" A#  " 7 B"H A#")" Com doce voz est subindo ao Cu B"  A#*1" Altos vares que esto por vir ao mundo, B"  A# '" Cujas claras Ideias viu Proteu B"<  A#")" Num globo vo, difano, rotundo, B"<  D A#!(" Que Jpiter em dom lho concedeu B"  D A#&-" Em sonhos, e despois no Reino fundo, B"  A#$+" Vaticinando, o disse, e na memria B"   A#)0" Recolheu logo a Ninfa a clara histria. B"  h A# " B" A#  " 8B"$ A#&-" Matria de coturno, e no de soco, B"  D A#(/" A que a Ninfa aprendeu no imenso lago; B"  A#$+" Qual Iopas no soube, ou Demodoco, B"`  h A#'." Entre os Feaces um, outro em Cartago. B"  D A# '" Aqui, minha Calope, te invoco B"<  A#)0" Neste trabalho extremo, por que em pago B"   A#.5" Me tornes do que escrevo, e em vo pretendo, B" d A#(/" O gosto de escrever, que vou perdendo. B"  h A# " B" A#  " 9 B"H A#$+" Vo os anos decendo, e j do Estio B"  A##*" H pouco que passar at o Outono; B"   A#")" A Fortuna me faz o engenho frio, B"  A#'." Do qual j no me jacto nem me abono; B"  h A#$+" Os desgostos me vo levando ao rio B"  A#&-" Do negro esquecimento e eterno sono. B"<  A#(/" Mas tu me d que cumpra, gro rainha B"   A#'." Das Musas, co que quero nao minha!B"   A# " B" A#  " 10 B"l A#!(" Cantava a bela Deusa que viriam B"`  A#&-" Do Tejo, pelo mar que o Gama abrira, B"   A##*" Armadas que as ribeiras venceriam B"<  h A##*" Por onde o Oceano ndico suspira; B"`  D A#&-" E que os Gentios Reis que no dariam B"  A#%," A cerviz sua ao jugo, o ferro e ira B"  A#")" Provariam do brao duro e forte, B"  A#&-" At render-se a ele ou logo morte. B"  A# " B" A#  " 11 B"l A##*" Cantava dum que tem nos Malabares B"<  h A#!(" Do sumo sacerdcio a dignidade, B"   A#(/" Que, s por no quebrar cos singulares B"   A#$+" Bares os ns que dera d' amizade, B"  D A#!(" Sofrer suas cidades e lugares, B"  D A#(/" Com ferro, incndios, ira e crueldade, B"   A#")" Ver destruir do Samorim potente, B"<  D A#&-" Que tais dios ter co a nova gente. B"  A# " B" A#  " 12 B"l A#&" E canta como l se embarcaria B" A# '" Em Belm o remdio deste dano, B"`  A#&-" Sem saber o que em si ao mar traria, B"   A##*" O gro Pacheco, Aquiles Lusitano. B"<  h A##*" O peso sentiro, quando entraria, B"<  h A##*" O curvo lenho e o frvido Oceano, B"   A#,3" Quando mais n' gua os troncos que gemerem B"  A#!(" Contra sua natureza se meterem. B"  D A# " B" A#  " 13B"H A#$+" Mas, j chegado aos fins Orientais B"`  h A#%" E deixado em ajuda do gentio B" A#%," Rei de Cochim, com poucos naturais, B"  h A##*" Nos braos do salgado e curvo rio B"  A#!(" Desbaratar os Naires infernais B"  h A#")" No passo Cambalo, tornando frio B"  A#'." D' espanto o ardor imenso do Oriente, B"  D A#&-" Que ver tanto obrar to pouca gente.B"`   A# " B" A#  " 14 B"l A#$+" Chamar o Samorim mais gente nova; B"  A##*" Viro Reis [de] Bipur e de Tanor, B"  A#(/" Das serras de Narsinga, que alta prova B"   A#")" Estaro prometendo a seu senhor; B"`   A#'." Far que todo o Naire, enfim, se mova B"   A#!(" Que entre Calecu jaz e Cananor, B"  D A#(/" D' ambas as Leis imigas pera a guerra: B"  h A#%," Mouros por mar, Gentios pola terra. B"  A# " B" A#  " 15B"H A#!(" E todos outra vez desbaratando, B"d  A#)0" Por terra e mar, o gro Pacheco ousado, B"< @ A##*" A grande multido que ir matando B"   A#!(" A todo o Malabar ter admirado. B"  h A#$+" Cometer outra vez, no dilatando, B"<   A#")" O Gentio os combates, apressado, B"   A##*" Injuriando os seus, fazendo votos B"  A#)0" Em vo aos Deuses vos, surdos e imotos.B"< @ A# " B" A#  " 16 B"l A#%," J no defender somente os passos, B"   A#,3" Mas queimar-lhe- lugares, templos, casas; B" @ A#'." Aceso de ira, o Co, no vendo lassos B"`  A#%," Aqueles que as cidades fazem rasas, B"  A#+2" Far que os seus, de vida pouco escassos, B" @ A#")" Cometam o Pacheco, que tem asas, B"  A#'." Por dous passos num tempo, mas voando B"   A#$+" Dum noutro, tudo ir desbaratando. B"  A# " B" A#  " 17 B"l A#'." Vir ali o Samorim, por que em pessoa B"  h A#+2" Veja a batalha e os seus esforce e anime; B"` d A#")" Mas um tiro, que com zunido voa, B"  A#'." De sangue o tingir no andor sublime. B"  D A#")" J no ver remdio ou manha boa B"  A#'." Nem fora que o Pacheco muito estime; B"   A#$+" Inventar traies e vos venenos, B"  D A#(/" Mas sempre (o Cu querendo) far menos.B"   A#  " B"$ A#  " 18 B"l A#$+" Que tornar a vez stima (cantava) B"`  h A#")" Pelejar co invicto e forte Luso, B"  A#'." A quem nenhum trabalho pesa e agrava; B"   A#'." Mas, contudo, este s o far confuso. B"  D A#)0" Trar pera a batalha, horrenda e brava, B"  A##*" Mquinas de madeiros fora de uso, B"  A#!(" Pera lhe abalroar as caravelas, B"   A#&-" Que at' li vo lhe fora comet-las. B"`   A# " B" A#  " 19B"H A#!(" Pela gua levar serras de fogo B"  A#'." Pera abrasar-lhe quanta armada tenha; B"<  A##*" Mas a militar arte e engenho logo B"  A#&-" Far ser v a braveza com que venha. B"  A#'." - Nenhum claro baro no Mrcio jogo, B"`  A##*" Que nas asas da Fama se sustenha, B"<  h A#)0" Chega a este, que a palma a todos toma. B"   A#'." E perdoe-me a ilustre Grcia ou Roma. B"  D A# " B" A#  " 20B"H A#&-" Porque tantas batalhas, sustentadas B"`   A#'." Com muito pouco mais de cem soldados, B"  h A#'." Com tantas manhas e artes inventadas, B"   A#&-" Tantos Ces no imbeles profligados, B"<  A# '" Ou parecero fbulas sonhadas, B"  h A#&-" Ou que os celestes Coros, invocados, B"   A# '" Decero a ajud-lo e lhe daro B"`  A#")" Esforo, fora, ardil e corao. B"<  D A# " B" A#  " 21B"H A##*" Aquele que nos campos Maratnios B"   A#'." O gro poder de Drio estrui e rende, B"  D A#'." Ou quem, com quatro mil Lacedemnios, B"<  A# '" O passo de Termpilas defende, B"  D A#$+" Nem o mancebo Cocles dos Ausnios, B"`  h A#%," Que com todo o poder Tusco contende B"  D A#'." Em defensa da ponte, ou Quinto Fbio, B"<  A#(/" Foi como este na guerra forte e sbio.B"  D A# " B" A#  " 22 B"l A#'." Mas neste passo a Ninfa, o som canoro B"   A#%," Abaxando, fez ronco e entristecido, B"  A#)0" Cantando em baxa voz, envolta em choro, B"  h A#")" O grande esforo mal agardecido. B"   A#$+" - Belisrio (disse) que no coro B"  A#&-" Das Musas sers sempre engrandecido, B"  A#'." Se em ti viste abatido o bravo Marte, B"`  A#'." Aqui tens com quem podes consolar-te! B"`  A# " B" A#  " 23 B"l A#)0" Aqui tens companheiro, assi nos feitos B"   A#")" Como no galardo injusto e duro; B"  A##*" Em ti e nele veremos altos peitos B"  A#&-" A baxo estado vir, humilde e escuro. B"   A#)0" Morrer nos hospitais, em pobres leitos, B"`  A#'." Os que ao Rei e Lei servem de muro! B"  D A#!(" Isto fazem os Reis cuja vontade B"<   A#+2" Manda mais que a justia e que a verdade. B"  A# " B" A#  " 24B"H A#&-" Isto fazem os Reis quando embebidos B"  h A#'." Nua aparncia branda que os contenta: B"  h A#%," Do os prmios, de Aiace merecidos, B"`   A#&-" lngua v de Ulisses, fraudulenta. B"<  A#*1" Mas vingo-me: que os bens mal repartidos B"   A#&-" Por quem s doces sombras apresenta, B"   A#$+" Se no os do a sbios cavaleiros, B"   A#&-" Do-os logo a avarentos lisonjeiros. B"<  A# " B" A#  " 25B"H A#'." Mas tu, de quem ficou to mal pagado B"   A#(/" Um tal vassalo, Rei, s nisto inico, B"  A#(/" Se no s pera dar-lhe honroso estado, B" @ A#")" ele pera dar-te um Reino rico. B"  A#%" Enquanto for o mundo rodeado B" A#!(" Dos Apolneos raios, eu te fico B"  A#-4" Que ele seja entre a gente ilustre e claro, B" d A#&" E tu nisto culpado por avaro. B" A# " B" A#  " 26B"H A#%," Mas eis outro (cantava) intitulado B"`   A#")" Vem com nome real e traz consigo B"`   A#%," O filho, que no mar ser ilustrado, B"`   A#$+" Tanto como qualquer Romano antigo. B"   A#&-" Ambos daro com brao forte, armado, B"   A#")" A Quloa frtil, spero castigo, B"<  D A#!(" Fazendo nela Rei leal e humano, B"<   A# '" Deitado fora o prfido tirano. B"   A# " B" A#  " 27B"H A#&-" Tambm faro Mombaa, que se arreia B"  A#")" De casas sumptuosas e edifcios, B"   A#&-" Co ferro e fogo seu queimada e feia, B"   A#")" Em pago dos passados malefcios. B"   A#+2" Despois, na costa da ndia, andando cheia B"  A#!(" De lenhos inimigos e artificios B"   A#(/" Contra os Lusos, com velas e com remos B"  h A#")" O mancebo Loureno far extremos.B"<  D A# " B" A#  " 28 B"l A#'." Das grandes naus do Samorim potente, B"  D A#,3" Que enchero todo o mar, co a frrea pela, B"  A#&-" Que sai com trovo do cobre ardente, B"  D A#!(" Far pedaos leme, masto, vela. B"  A#&-" Despois, lanando arpus ousadamente B"`   A#!(" Na capitaina imiga, dentro nela B"  A#'." Saltando o far s com lana e espada B"  D A##*" De quatrocentos Mouros despejada. B"   A# " B" A#  " 29B"H A#&-" Mas de Deus a escondida providncia B"`   A#)0" (Que ela s sabe o bem de que se serve) B"  h A##*" O por onde esforo nem prudncia B"<  h A#&-" Poder haver que a vida lhe reserve. B"  D A#(/" Em Chal, onde em sangue e resistncia B"   A#$+" O mar todo com fogo e ferro ferve, B"  A#$+" Lhe faro que com vida se no saia B"  A#$+" As armadas de Egipto e de Cambaia. B"  D A# " B" A#  " 30 B"l A#!(" Ali o poder de muitos inimigos B"  D A#,3" (Que o grande esforo s com fora rende), B"  A#&-" Os ventos que faltaram, e os perigos B"   A#'." Do mar, que sobejaram, tudo o ofende. B"   A#")" Aqui ressurjam todos os Antigos, B"<  D A#*1" A ver o nobre ardor que aqui se aprende: B"   A#$+" Outro Ceva vero, que, espedaado, B"   A#")" No sabe ser rendido nem domado. B"`   A# " B" A#  " 31 B"l A#)0" Com toda lia coxa fora, que em pedaos B"   A#$+" Lhe leva um cego tiro que passara, B"  D A##*" Se serve inda dos animosos braos B"  A##*" E do gro corao que lhe ficara. B"   A#'." At que outro pelouro quebra os laos B"  D A##*" Com que co alma o corpo se liara: B"  A#!(" Ela, solta, voou da priso fora B"  A# '" Onde sbito se acha vencedora. B"   A# " B" A#  " 32 B"l A#.5" Vai-te, alma, em paz, da guerra turbulenta, B"  A#")" Na qual tu mereceste paz serena! B"`   A#+2" Que o corpo, que em pedaos se apresenta, B"  A#'." Quem o gerou, vingana j lhe ordena: B"   A#&-" Que eu ouo retumbar a gro tormenta,B"  D A#&-" Que vem j dar a dura e eterna pena, B"<  A#$+" De esperas, basiliscos e trabucos, B"`  h A#!(" A Cambaicos cruis e Mamelucos. B"   A# " B" A#  " 33 B"l A#&-" Eis vem o pai, com nimo estupendo, B"   A#&-" Trazendo fria e mgoa por antolhos, B"  h A#)0" Com que o paterno amor lhe est movendo B"  A#")" Fogo no corao, gua nos olhos. B"  A#")" A nobre ira lhe vinha prometendo B"   A#%," Que o sangue far dar pelos giolhos B"   A#'." Nas inimigas naus; senti-lo- o Nilo, B"   A#(/" Pod-lo- o Indo ver e o Gange ouvi-lo.B"`  A# " B" A#  " 34 B"l A#$+" Qual o touro cioso, que se ensaia B"  A#%," Pera a crua peleja, os cornos tenta B"  A#%," No tronco dum carvalho ou alta faia B"  h A#)0" E, o ar ferindo, as foras experimenta: B"  A##*" Tal, antes que no seio de Cambaia B"   A#$+" Entre Francisco irado, na opulenta B"  D A# '" Cidade de Dabul a espada afia, B"`  A# '" Abaxando-lhe a tmida ousadia. B"  D A# " B" A#  " 35 B"l A##*" E logo, entrando fero na enseada B"   A#'." De Dio, ilustre em cercos e batalhas, B"  h A#'." Far espalhar a fraca e grande armada B"<  A#&-" De Calecu, que remos tem por malhas. B"   A#&" A de Melique laz, acautelada, B" A#)0" Cos pelouros que tu, Vulcano, espalhas, B"  h A#%," Far ir ver o frio e fundo assento, B"  D A##*" Secreto leito do hmido elemento. B"<  h A# " B" A#  " 36 B"l A#'." Mas a de Mir Hocm, que, abalroando, B"   A#")" A fria esperar dos vingadores, B"   A#!(" Ver braos e pernas ir nadando B"<   A#)0" Sem corpos, pelo mar, de seus senhores. B"  h A##*" Raios de fogo iro representando, B"  A#%," No cego ardor, os bravos domadores. B"`   A#%," Quanto ali sentiro olhos e ouvidos B"   A#")" fumo, ferro, flamas e alaridos.B"<  D A# " B" A#  " 37 B"l A#&-" Mas ah, que desta prspera vitria, B"  D A#%," Com que depois vir ao ptrio Tejo, B"  A##*" Qusi lhe roubar a famosa glria B"  A#&-" Um sucesso, que triste e negro vejo! B"`   A##*" O Cabo Tormentrio, que a memria B"   A##*" Cos ossos guardar, no ter pejo B"  A#&-" De tirar deste mundo aquele esprito, B"  D A#(/" Que no tiraram toda a ndia e Egipto. B"  h A# " B" A#  " 38 B"l A# '" Ali, Cafres selvagens podero B"   A##*" O que destros imigos no puderam; B"`  D A#!(" E rudos paus tostados ss faro B"  A#%," O que arcos e pelouros no fizeram. B"  D A# '" Ocultos os juzos de Deus so; B"  A#(/" As gentes vs, que no nos entenderam, B"   A#&-" Chamam-lhe fado mau, fortuna escura, B"   A#$+" Sendo s providncia de Deus pura. B"  A# " B" A#  " 39 B"l A#*1" Mas oh, que luz tamanha que abrir sinto B"   A#$+" (Dizia a Ninfa, e a voz alevantava)B"<   A#'." L no mar de Melinde, em sangue tinto B"`  A#&-" Das cidades de Lamo, de Oja e Brava, B"  A#&-" Pelo Cunha tambm, que nunca extinto B"   A#&-" Ser seu nome em todo o mar que lava B"  D A#,3" As ilhas do Austro, e praias que se chamam B"  A#-4" De So Loureno, e em todo o Sul se afamam! B"  A# " B" A#  " 40 B"l A#$+" Esta luz do fogo e das luzentes B"  D A#)0" Armas com que Albuquerque ir amansando B"  h A#,3" De Ormuz os Prseos, por seu mal valentes, B"  A#&-" Que refusam o jugo honroso e brando. B"   A# '" Ali vero as setas estridentes B"   A#&-" Reciprocar-se, a ponta no ar virando B"   A#'." Contra quem as tirou; que Deus peleja B"   A#(/" Por quem estende a f da Madre Igreja. B"`  A# " B" A#  " 41 B"l A#$+" Ali do sal os montes no defendem B"  D A#$+" De corrupo os corpos no combate, B"  D A#)0" Que mortos pela praia e mar se estendem B"   A#")" De Gerum, de Mazcate e Calaiate; B"  h A#&-" At que fora s de brao aprendem B"  D A#$+" A abaxar a cerviz, onde se lhe ate B"   A# '" Obrigao de dar o reino inico B"`  A##*" Das perlas de Barm tributo rico. B"  A# " B" A#  " 42 B"l A#")" Que gloriosas palmas tecer vejo B"  A#%," Com que Vitria a fronte lhe coroa, B"  A#(/" Quando, sem sombra v de medo ou pejo, B"  D A#")" Toma a ilha ilustrssima de Goa! B"  A#%," Despois, obedecendo ao duro ensejo, B"   A#&" A deixa, e ocasio espera boa B" A#-4" Com que a torne a tomar, que esforo e arte B"  A#'." Vencero a Fortuna e o prprio Marte. B"  A# " B" A#  " 43 B"l A#(/" Eis j sobr' ela torna e vai rompendo B"  D A#%," Por muros, fogo, lanas e pelouros, B"  h A#+2" Abrindo com a espada o espesso e horrendo B"  A##*" Esquadro de Gentios e de Mouros, B"   A# '" Iro soldados nclitos fazendo B"   A#$+" Mais que lies famlicos e touros, B"   A#$+" Na luz que sempre celebrada e dina B"  A# '" Ser da Egpcia Santa Caterina.B"  D A# " B" A#  " 44 B"l A#$+" Nem tu menos fugir poders deste, B"  A#&-" Posto que rica e posto que assentada B"  h A#'." L no grmio da Aurora, onde naceste, B"  D A#!" Opulenta Malaca nomeada. B" A#!(" As setas venenosas que fizeste, B"  D A#&-" Os crises com que j te vejo armada, B"   A##*" Malaios namorados, Jaus valentes, B"<  h A#")" Todos fars ao Luso obedientes. B"  A# " B" A#  " 45 B"l A##*" Mais estanas cantara esta Sirena B"  A#(/" Em louvor do ilustrssimo Albuquerque, B"  A#(/" Mas alembrou-lhe ua ira que o condena, B"  D A#&-" Posto que a fama sua o mundo cerque. B"   A#%," O grande Capito, que o fado ordena B"  A#)0" Que com trabalhos glria eterna merque, B"`  A#&-" Mais h-de ser um brando companheiro B"`   A#(/" Pera os seus, que juiz cruel e inteiro.B"  h A# " B" A#  " 46 B"l A#%," Mas em tempo que fomes e asperezas, B"`   A#&-" Doenas, frechas e troves ardentes, B"  h A#")" A sazo e o lugar, fazem cruezas B"`   A#!(" Nos soldados a tudo obedientes, B"   A# '" Parece de selvticas brutezas, B"  h A#")" De peitos inumanos e insolentes, B"   A#!(" Dar extremo suplcio pela culpa B"  A#)0" Que a fraca humanidade e Amor desculpa. B"  h A# " B" A#  " 47 B"l A#$+" No ser a culpa abominoso incesto B"   A#&-" Nem violento estupro em virgem pura, B"<  A# '" Nem menos adultrio desonesto, B"   A#(/" Mas cua escrava vil, lasciva e escura. B"  h A#)0" Se o peito, ou de cioso, ou de modesto, B"   A##*" Ou de usado a crueza fera e dura, B"  A#%," Cos seus ua ira insana no refreia, B"  D A#'." Pe, na fama alva, noda negra e feia. B"   A# " B" A#  " 48 B"l A#&" Viu Alexandre Apeles namorado B" A#)0" Da sua Campaspe, e deu-lha alegremente, B"  A#%," No sendo seu soldado exprimentado, B"  A#(/" Nem vendo-se num cerco duro e urgente. B"  D A#$+" Sentiu Ciro que andava j abrasado B"  D A#'." Araspas, de Panteia, em fogo ardente, B"  D A#&-" Que ele tomara em guarda, e prometia B"  D A##*" Que nenhum mau desejo o venceria; B"<  h A# " B" A#  " 49 B"l A#(/" Mas, vendo o ilustre Persa que vencido B"   A#,3" Fora de Amor, que, enfim, no tem defensa, B"  A##*" Levemente o perdoa, e foi servido B"   A#&-" Dele num caso grande, em recompensa. B"`   A#!(" Per fora, de Judita foi marido B"`  A#!(" O frreo Balduno; mas dispensa B"  D A#,3" Carlos, pai dela, posto em cousas grandes, B" @ A#&-" Que viva e povoador seja de Frandes. B"  D A# " B" A#  " 50 B"l A#*1" Mas, prosseguindo a Ninfa o longo canto, B"  A#%," De Soares cantava, que as bandeiras B"  h A#%" Faria tremular e pr espanto B" A# '" Pelas roxas Arbicas ribeiras: B"  h A#")" - Medina abominbil teme tanto, B"  A#&-" Quanto Meca e Gid co as derradeiras B"`   A#$+" Praias de Abssia; Barbor se teme B"  A#%," Do mal de que o emprio Zeila geme. B"  A# " B" A#  " 51 B"l A#$+" A nobre ilha tambm de Taprobana, B"<   A# '" J pelo nome antigo to famosa B"<  A#!(" Quanto agora soberba e soberana B"  D A# '" Pela cortia clida, cheirosa, B"  h A#%" Dela dar tributo Lusitana B" A#'." Bandeira, quando, excelsa e gloriosa, B"  h A#'." Vencendo se erguer na torre erguida, B"  D A#&-" Em Columbo, dos prprios to temida. B"   A# " B" A#  " 52 B"l A#&-" Tambm Sequeira, as ondas Eritreias B"  h A# '" Dividindo, abrir novo caminho B"   A#)0" Pera ti, grande Imprio, que te arreias B"   A##*" De seres de Candace e Sab ninho. B"  A#%," Mau, com cisternas de gua cheias B"  A#'." Ver, e o porto Arquico, ali vizinho; B"  D A#!(" E far descobrir remotas Ilhas, B"`  A#$+" Que do ao mundo novas maravilhas. B"   A# " B" A#  " 53 B"l A##*" Vir despois Meneses, cujo ferro B"  A#'." Mais na frica, que c, ter provado; B"  D A#$+" Castigar de Ormuz soberba o erro, B"  A#$+" Com lhe fazer tributo dar dobrado. B"  D A#&-" Tambm tu, Gama, em pago do desterro B"  D A#$+" Em que ests e sers inda tornado, B"  D A#)0" Cos ttulos de Conde e d' honras nobres B"  A#%," Virs mandar a terra que descobres. B"`   A# " B" A#  " 54 B"l A#&" Mas aquela fatal necessidade B" A#'." De quem ningum se exime dos humanos, B"  D A#!(" Ilustrado co a Rgia dignidade, B"   A#$+" Te tirar do mundo e seus enganos. B"  D A# '" Outro Meneses logo, cuja idade B"`  A#$+" maior na prudncia que nos anos, B"  A#%," Governar; e far o ditoso Henrique B"  D A#")" Que perptua memria dele fique. B"  A# " B" A#  " 55B"H A#$+" No vencer somente os Malabares, B"<   A# '" Destruindo Panane com Coulete, B"  D A#(/" Cometendo as bombardas, que, nos ares, B"  h A#&-" Se vingam s do peito que as comete; B"   A#&-" Mas com virtudes, certo, singulares, B"`   A#%," Vence os imigos d' alma todos sete; B"  A#$+" De cobia triunfa e incontinncia, B"  A#(/" Que em tal idade suma de excelncia. B"   A# " B" A#  " 56B"H A#+2" Mas, despois que as Estrelas o chamarem, B"   A#!(" Suceders, forte Mascarenhas; B"  A#$+" E, se injustos o mando te tomarem, B"  D A#$+" Prometo-te que fama eterna tenhas. B"   A# '" Pera teus inimigos confessarem B"   A#(/" Teu valor alto, o fado quer que venhas B"   A##*" A mandar, mais de palmas coroado, B"`  D A##*" Que de fortuna justa acompanhado. B"  A# " B" A#  " 57B"H A#'." No reino de Binto, que tantos danos B"`  A##*" Ter a Malaca muito tempo feitos, B"   A#$+" Num s dia as injrias de mil anos B"  A#(/" Vingars, co valor de ilustres peitos. B" d A#&" Trabalhos e perigos inumanos, B" A#)0" Abrolhos frreos mil, passos estreitos, B"   A#(/" Tranqueiras, baluartes, lanas, setas: B"<  A#!(" Tudo fico que rompas e sometas. B"  D A# " B" A#  " 58 B"l A#")" Mas na ndia, cobia e ambio, B"<  D A#$+" Que claramente pem aberto o rosto B"  A#!(" Contra Deus e Justia, te faro B"  A#$+" Vituprio nenhum, mas s desgosto. B"`  h A##*" Quem faz injria vil e sem razo, B"  A#'." Com foras e poder em que est posto, B"   A#%," No vence; que a vitria verdadeira B"`   A#$+" saber ter justia nua e inteira. B"  D A# " B" A#  " 59 B"l A#%," Mas, contudo, no nego que Sampaio B"   A#)0" Ser, no esforo, ilustre e assinalado, B"   A##*" Mostrando-se no mar um fero raio, B"  A#$+" Que de inimigos mil ver coalhado. B"`  h A#%" Em Bacanor far cruel ensaio B" A##*" No Malabar, pera que, amedrontado B"   A#")" Despois a ser vencido dele venha B"  A##*" Cutiale, com quanta armada tenha. B"  A# " B" A#  " 60 B"l A##*" E no menos de Dio a fera frota, B"  A#'." Que Chal temer, de grande e ousada, B"   A#&-" Far, co a vista s, perdida e rota, B"   A#&-" Por Heitor da Silveira e destroada; B"`   A#'." Por Heitor Portugus, de quem se nota B"   A#'." Que na costa Cambaica, sempre armada, B"   A# '" Ser aos Guzarates tanto dano, B"`  A#%," Quanto j foi aos Gregos o Troiano. B"  D A# " B" A#  " 61 B"l A#"" A Sampaio feroz suceder B" A#$+" Cunha, que longo tempo tem o leme: B"  A##*" De Chale as torres altas erguer, B"`  D A#")" Enquanto Dio ilustre dele treme; B"  A#$" O forte Baaim se lhe dar, B" A#&-" No sem sangue, porm, que nele geme B"  h A#&-" Melique, porque fora s de espada B"  A#!(" A tranqueira soberba v tomada. B"<   A# " B" A#  " 62 B"l A#'." Trs este vem Noronha, cujo auspcio B"  D A#!(" De Dio os Rumes feros afugenta; B"  h A#%," Dio, que o peito e blico exerccio B"  h A#&-" De Antnio da Silveira bem sustenta. B"  h A#)0" Far em Noronha a morte o usado ofcio, B"  A#+2" Quando um teu ramo, Gama, se exprimenta B"  A#")" No governo do Imprio, cujo zelo B"  A##*" Com medo o Roxo Mar far amarelo. B"`  D A# " B" A#  " 63 B"l A#$+" Das mos do teu Estvo vem tomar B"  A#%," As rdeas um, que j ser ilustrado B"  h A#")" No Brasil, com vencer e castigar B"<  D A#!(" O pirata Francs, ao mar usado. B"`  A#%," Despois, Capito-mor do ndico mar, B"<   A#$+" O muro de Damo, soberbo e armado, B"   A#)0" Escala e primeiro entra a porta aberta, B"  A#'." Que fogo e frechas mil tero coberta. B"  D A# " B" A#  " 64 B"l A#%," A este o Rei Cambaico soberbssimo B"  A#$" Fortaleza dar na rica Dio, B" A#&-" Por que contra o Mogor poderosssimo B"  A#")" Lhe ajude a defender o senhorio. B"  h A#&-" Despois ir com peito esforadssimo B"  A#%," A tolher que no passe o Rei gentio B"  A#&-" De Calecu, que assi com quantos veio B"<  A#")" O far retirar, de sangue cheio. B"  A# " B" A#  " 65 B"l A#%" Destruir a cidade Repelim, B" A#)0" Pondo o seu Rei, com muitos, em fugida; B"   A##*" E despois, junto ao Cabo Comorim, B"`  D A#$" Ua faanha faz esclarecida: B" A#&" A frota principal do Samorim, B" A#")" Que destruir o mundo no duvida, B"`   A##*" Vencer co furor do ferro e fogo; B"  A##*" Em si ver Beadala o Mrcio jogo. B"  A# " B" A#  " 66 B"l A#'." Tendo assi limpa a ndia dos imigos, B"   A#&-" Vir despois com ceptro a govern-la B"   A#'." Sem que ache resistncia nem perigos, B"  D A#&-" Que todos tremem dele e nenhum fala. B"<  A#$+" S quis provar os speros castigos B"  D A# '" Batical, que vira j Beadala. B"  D A#'." De sangue e corpos mortos ficou cheia B"   A#&-" E de fogo e troves desfeita e feia. B"   A# " B" A#  " 67 B"l A##*" Este ser Martinho, que de Marte B"  A#")" O nome tem co as obras derivado; B"  h A#'." Tanto em armas ilustre em toda parte, B"   A#+2" Quanto, em conselho, sbio e bem cuidado. B"  A#,3" Suceder-lhe- ali Castro, que o estandarte B"  A#")" Portugus ter sempre levantado, B"   A# '" Conforme sucessor ao sucedido, B"  h A#,3" Que um ergue Dio, outro o defende erguido. B" d A# " B" A#  " 68 B"l A##*" Persas feroces, Abassis e Rumes, B"  A#!(" Que trazido de Roma o nome tm, B"  A#&-" Vrios de gestos, vrios de costumes B"  D A#&-" (Que mil naes ao cerco feras vm), B"`   A#(/" Faro dos Cus ao mundo vos queixumes B"  h A#&-" Porque uns poucos a terra lhe detm. B"  A#(/" Em sangue Portugus, juram, descridos, B"   A#")" De banhar os bigodes retorcidos. B"   A# " B" A#  " 69 B"l A#&" Basiliscos medonhos e lies, B" A##*" Trabucos feros, minas encobertas, B"   A# '" Sustenta Mascarenhas cos baresB"`  A#*1" Que to ledos as mortes tm por certas; B"   A#!(" At que, nas maiores opresses, B"   A#$+" Castro libertador, fazendo ofertas B"   A#+2" Das vidas de seus filhos, quer que fiquem B" @ A#*1" Com fama eterna e a Deus se sacrifiquem. B"  A# " B" A#  " 70 B"l A#+2" Fernando, um deles, ramo da alta pranta, B"  A#")" Onde o violento fogo, com rudo, B"  A#$+" Em pedaos os muros no ar levanta, B"  D A#&-" Ser ali arrebatado e ao Cu subido. B"   A#*1" lvaro, quando o Inverno o mundo espanta B"  A#")" E tem o caminho hmido impedido, B"  h A#)0" Abrindo-o, vence as ondas e os perigos, B"   A#")" Os ventos e despois os inimigos. B"  h A# " B" A#  " 71 B"l A#,3" Eis vem despois o pai, que as ondas corta B"  A# '" Co restante da gente Lusitana, B"  h A#(/" E com fora e saber, que mais importa, B"  D A#&" Batalha d felice e soberana. B" A#&-" Uns, paredes subindo, escusam porta; B"  A#)0" Outros a abrem na fera esquadra insana. B" d A##*" Feitos faro to dinos de memria B"   A#,3" Que no caibam em verso ou larga histria. B" @ A# " B" A#  " 72 B"l A#(/" Este, despois, em campo se apresenta, B"   A#)0" Vencedor forte e intrpido, ao possante B"   A#(/" Rei de Cambaia e a vista lhe amedrenta B"  h A#!(" Da fera multido quadrupedante. B"@  A#$+" No menos suas terras mal sustenta B"  D A#!(" O Hidalco, do brao triunfante B"   A#$+" Que castigando vai Dabul na costa; B"  A#)0" Nem lhe escapou Pond, no serto posta. B"  A# " B" A#  " 73 B"l A#,3" Estes e outros Bares, por vrias partes, B"  A#")" Dinos todos de fama e maravilha, B"   A#$+" Fazendo-se na terra bravos Martes, B"   A#$+" Viro lograr os gostos desta Ilha, B"  A#")" Varrendo triunfantes estandartes B"   A#'." Pelas ondas que corta a aguda quilha; B"   A#'." E acharo estas Ninfas e estas mesas, B"`  A#.5" Que glrias e honras so de rduas empresas.B" d A# " B" A#  " 74 B"l A#*1" Assi cantava a Ninfa; e as outras todas, B"  A#$+" Com sonoroso aplauso, vozes davam, B"  A##*" Com que festejam as alegres vodas B"  A#%," Que com tanto prazer se celebravam. B"<   A#+2" - Por mais que da Fortuna andem as rodas B"  A#!(" (Nua cnsona voz todas soavam), B"  D A#&-" No vos ho-de faltar, gente famosa, B"   A#&" Honra, valor e fama gloriosa.B"  h A# " B" A#  " 75 B"l A#$+" Despois que a corporal necessidade B"   A#")" Se satisfez do mantimento nobre, B"  A# '" E na harmonia e doce suavidade B"  h A#%," Viram os altos feitos que descobre, B"  h A#%," Ttis, de graa ornada e gravidade, B"`   A#%," Pera que com mais alta glria dobre B"  A#%," As festas deste alegre e claro dia, B"`   A# '" Pera o felice Gama assi dizia: B"<  A# " B" A#  " 76 B"l A#%," - Faz-te merc, baro, a Sapincia B"  h A#")" Suprema de, cos olhos corporais, B"   A##*" Veres o que no pode a v cincia B"   A# '" Dos errados e mseros mortais. B"  D A#(/" Sigue-me firme e forte, com prudncia, B"   A#'." Por este monte espesso, tu cos mais. B"   A##*" Assi lhe diz e o guia por um mato B"  A#&-" rduo, difcil, duro a humano trato. B"  A# " B" A#  " 77 B"l A#%," No andam muito que no erguido cume B"  A#(/" Se acharam, onde um campo se esmaltava B"  h A#(/" De esmeraldas, rubis, tais que presume B"   A#!(" A vista que divino cho pisava. B"<   A#%," Aqui um globo vm no ar, que o lume B"  A#&" Clarssimo por ele penetrava, B" A#)0" De modo que o seu centro est evidente, B"  h A#$+" Como a sua superfcia, claramente. B"   A# " B" A#  " 78B"H A#%," Qual a matria seja no se enxerga, B"  D A#&-" Mas enxerga-se bem que est composto B"  D A#%," De vrios orbes, que a Divina verga B"  A#+2" Comps, e um centro a todos s tem posto. B"  A#(/" Volvendo, ora se abaxe, agora se erga, B"  D A#-4" Nunca s' ergue ou se abaxa, e um mesmo rostoB"  A#(/" Por toda a parte tem; e em toda a parteB"   A#)0" Comea e acaba, enfim, por divina arte, B"  A# " B" A#  " 79 B"l A#$+" Uniforme, perfeito, em si sustido, B"  D A#'." Qual, enfim, o Arquetipo que o criou. B"  D A##*" Vendo o Gama este globo, comovido B"`  D A##*" De espanto e de desejo ali ficou. B"  A#*1" Diz-lhe a Deusa: -"O transunto, reduzido B"  A# '" Em pequeno volume, aqui te dou B"  A#)0" Do Mundo aos olhos teus, pera que vejas B"  h A#&-" Por onde vs e irs e o que desejas. B"  D A# " B" A#  " 80B"H A#&-" Vs aqui a grande mquina do Mundo, B"  A##*" Etrea e elemental, que fabricada B"<  h A#%," Assi foi do Saber, alto e profundo, B"  h A#&-" Que sem princpio e meta limitada. B"  h A#%," Quem cerca em derredor este rotundo B"   A#$+" Globo e sua superfcia to limada, B"   A#.5" Deus: mas o que Deus, ningum o entende, B"  A#.5" Que a tanto o engenho humano no se estende. B" @ A# " B" A#  " 81 B"l A#(/" Este orbe que, primeiro, vai cercando B"  D A#(/" Os outros mais pequenos que em si tem, B"   A#%," Que est com luz to clara radiando B"  D A#(/" Que a vista cega e a mente vil tambm, B"   A#")" Empreo se nomeia, onde logrando B"<  D A#&" Puras almas esto daquele Bem B" A#+2" Tamanho, que ele s se entende e alcana, B"  A#%," De quem no h no mundo semelhana. B"<   A# " B" A#  " 82B"H A##*" Aqui, s verdadeiros, gloriosos B"<  h A#)0" Divos esto, porque eu, Saturno e Jano, B"< @ A#!(" Jpiter, Juno, fomos fabulosos, B"   A##*" Fingidos de mortal e cego engano. B"   A#!(" S pera fazer versos deleitosos B"   A#%," Servimos; e, se mais o trato humano B"  A#%," Nos pode dar, s que o nome nosso B"  A#&-" Nestas estrelas ps o engenho vosso. B"  A# " B" A#  " 83 B"l A#(/" E tambm, porque a santa Providncia, B"  A#$+" Que em Jpiter aqui se representa, B"   A#%," Por espritos mil que tm prudncia B"  h A##*" Governa o Mundo todo que sustenta B"`  D A#!(" (Ensina-lo a proftica cincia, B"  D A#(/" Em muitos dos exemplos que apresenta); B"   A#&-" Os que so bons, guiando, favorecem, B"   A#(/" Os maus, em quanto podem, nos empecem; B"  D A# " B" A#  " 84 B"l A#%," Quer logo aqui a pintura que varia B"  A#")" Agora deleitando, ora ensinando, B"   A##*" Dar-lhe nomes que a antiga Poesia B"  A##*" A seus Deuses j dera, fabulando; B"   A##*" Que os Anjos de celeste companhia B"<  h A#%," Deuses o sacro verso est chamando, B"  h A##*" Nem nega que esse nome preminente B"   A#(/" Tambm aos maus se d, mas falsamente. B"   A# " B" A#  " 85B"H A#*1" Enfim que o Sumo Deus, que por segundas B"  A##*" Causas obra no mundo, tudo manda. B"  A#&-" E tornando a contar-te das profundas B"  h A# '" Obras da Mo Divina veneranda, B"   A#%," Debaxo deste crculo onde as mundas B"  A#$+" Almas divinas gozam, que no anda, B"  A#%," Outro corre, to leve e to ligeiro B"   A#*1" Que no se enxerga: o Mbile primeiro. B"< d A# " B" A#  " 86 B"l A#$+" Com este rapto e grande movimento B"`  h A#&-" Vo todos os que dentro tem no seio; B"  D A#)0" Por obra deste, o Sol, andando a tento, B" d A#&-" O dia e noite faz, com curso alheio. B"   A#&-" Debaxo deste leve, anda outro lento, B"  A#$+" To lento e sojugado a duro freio, B"  A#*1" Que enquanto Febo, de luz nunca escasso, B"  A#'." Duzentos cursos faz, d ele um passo. B"  h A# " B" A#  " 87 B"l A#&-" Olha estoutro debaxo, que esmaltado B"  h A##*" De corpos lisos anda e radiantes, B"   A#$+" Que tambm nele tem curso ordenado B"  D A#%," E nos seus axes correm cintilantes. B"  A#$+" Bem vs como se veste e faz ornado B"  A#(/" Co largo Cinto d' ouro, que estelantes B"   A#&" Animais doze traz afigurados, B" A#&" Apousentos de Febo limitados. B" A# " B" A#  " 88 B"l A##*" Olha por outras partes a pintura B"   A#(/" Que as Estrelas fulgentes vo fazendo: B"  D A#$+" Olha a Carreta, atenta a Cinosura, B"`  h A#*1" Andrmeda e seu pai, e o Drago horrendo; B"` @ A#%" V de Cassiopeia e fermosura B" A#")" E do Oriente o gesto turbulento; B"   A#$+" Olha o Cisne morrendo que suspira, B"  D A#)0" A Lebre e os Ces, a Nau e a doce Lira. B"   A# " B" A#  " 89 B"l A#")" Debaxo deste grande Firmamento, B"   A#$+" Vs o cu de Saturno, Deus antigo; B"   A#&" Jpiter logo faz o movimento, B" A# '" E Marte abaxo, blico inimigo; B"  D A#)0" O claro Olho do cu, no quarto assento, B"< @ A#&-" E Vnus, que os amores traz consigo; B"  D A#")" Mercrio, de eloquncia soberana;B"<  D A#$+" Com trs rostos, debaxo vai Diana. B"  A# " B" A#  " 90 B"l A#")" Em todos estes orbes, diferente B"  h A#)0" Curso vers, nuns grave e noutros leve; B"  A#!(" Ora fogem do Centro longamente, B"   A##*" Ora da Terra esto caminho breve, B"  A#$+" Bem como quis o Padre omnipotente, B"  A#(/" Que o fogo fez e o ar, o vento e neve, B"`  A#(/" Os quais vers que jazem mais a dentro B"  D A#%," E tem co Mar a Terra por seu centro.B"  A# " B" A#  " 91 B"l A#%," Neste centro, pousada dos humanos, B"  D A#(/" Que no somente, ousados, se contentam B"  h A#&-" De sofrerem da terra firme os danos, B"  A#&-" Mas inda o mar instbil exprimentam, B"<  A#(/" Vers as vrias partes, que os insanos B"   A##*" Mares dividem, onde se apousentam B"   A#'." Vrias naes que mandam vrios Reis, B"`  A#%," Vrios costumes seus e vrias leis. B"  A# " B" A#  " 92 B"l A#'." Vs Europa Crist, mais alta e clara B"   A#'." Que as outras em polcia e fortaleza. B"   A#&-" Vs frica, dos bens do mundo avara, B"  A#")" Inculta e toda cheia de bruteza; B"<  D A#%," Co Cabo que at 'qui se vos negara, B"   A#(/" Que assentou pera o Austro a Natureza. B"  h A#%," Olha essa terra toda, que se habita B"  A#&-" Dessa gente sem Lei, qusi infinita. B"  h A# " B" A#  " 93B"H A#%," V do Benomotapa o grande imprio, B"  D A#")" De selvtica gente, negra e nua, B"  A# '" Onde Gonalo morte e vituprio B"  h A#%" Padecer, pola F santa sua. B" A#$+" Nace por este incgnito Hemisprio B"<   A##*" O metal por que mais a gente sua. B"  A#!(" V que do lado donde se derrama B"<   A#!(" O Nilo, tambm vindo est Cuama.B"  A# " B" A#  " 94 B"l A#'." "Olha as casas dos negros, como esto B"   A#(/" Sem portas, confiados, em seus ninhos, B"  A##" Na justia real e defenso B" A#&" E na fidelidade dos vizinhos; B" A#%" Olha deles a bruta multido, B" A#,3" Qual bando espesso e negro de estorninhos, B"  A#")" Combater em Sofala a fortaleza, B"   A##*" Que defender Narra com destreza. B"<  h A# " B" A#  " 95 B"l A#")" Olha l as alagoas donde o Nilo B"  A#$+" Nace, que no souberam os antigos; B"  D A#")" V-lo rega, gerando o crocodilo, B"   A#%," Os povos Abassis, de Cristo amigos; B"   A##*" Olha como sem muros (novo estilo) B"   A#")" Se defendem milhor dos inimigos; B"  h A#(/" V Mroe, que ilha foi de antiga fama, B"  A#%," Que ora dos naturais Nob se chama. B"  A# " B" A#  " 96 B"l A#")" Nesta remota terra um filho teu B"  A#(/" Nas armas contra os Turcos ser claro; B"   A#%," H-de ser Dom Cristvo o nome seu; B"  h A#'." Mas contra o fim fatal no h reparo. B"   A##*" V c a costa do mar, onde te deu B"  A##*" Melinde hospcio gasalhoso e caro;B"  A#&" Rapto rio nota, que o romance B" A#(/" Da terra chama Obi; entre em Quilmance.B"  h A#  " B"$ A#  " 97 B"l A# '" O Cabo v j Armata chamado, B"  D A#")" E agora Guardaf, dos moradores, B"   A#&" Onde comea a boca do afamado B" A#'." Mar Roxo, que do fundo toma as cores; B"  h A#&" Este como limite est lanado B" A#*1" Que divide sia de frica; e as milhores B"   A#")" Povoaes que a parte frica tem B"  A#&" Mau so, Arquico e Suaqum. B" A# " B" A#  " 98 B"l A#&-" Vs o extremo Suez, que antigamente B"`   A##*" Dizem que foi dos Hroas a cidade B"  A#+2" (Outros dizem que Arsnoe), e ao presente B"   A#'." Tem das frotas do Egipto a potestade. B"   A#'." Olha as guas nas quais abriu patente B"   A#(/" Estrada o gro Mouss na antiga idade. B"`  A#$+" sia comea aqui, que se apresenta B"`  h A#'." Em terras grande, em reinos opulenta. B"  h A# " B" A#  " 99 B"l A#'." Olha o monte Sinai, que se ennobrece B"  h A# '" Co sepulcro de Santa Caterina; B"  h A#")" Olha Toro e Gid, que lhe falece B"  A#%," gua das fontes, doce e cristalina; B"<   A#(/" Olha as portas do Estreito, que fenece B"   A#$+" No reino da seca dem, que confina B"   A#$+" Com a serra d' Arzira, pedra viva, B"  A##*" Onde chuva dos cus se no deriva.B"  A# " B" A#  " 100 B" A#(/" Olha as Arbias trs, que tanta terra B"   A#$+" Tomam, todas da gente vaga e baa, B"  A#%," Donde vm os cavalos pera a guerra, B"   A##*" Ligeiros e feroces, de alta raa; B"  A#'." Olha a costa que corre, at que cerra B"  h A#(/" Outro Estreito de Prsia, e faz a traaB"   A#&" O Cabo que co nome se apelida B" A#!(" Da cidade Fartaque, ali sabida. B"<   A# " B" A#  " 101 B" A##*" Olha Dfar, insigne porque manda B"  A#'." O mais cheiroso incenso pera as aras; B"  D A##*" Mas atenta: j c destoutra banda B"  A#'." De Roalgate, e praias sempre avaras, B"   A#(/" Comea o reino Ormuz, que todo se anda B"  A#&-" Pelas ribeiras que inda sero claras B"  A#(/" Quando as gals do Turco e fera armada B"   A#%," Virem de Castelbranco nua a espada. B"   A# " B" A#  " 102 B" A##*" Olha o Cabo Asaboro, que chamado B"   A##*" Agora Moando, dos navegantes; B"   A#%," Por aqui entra o lago que fechado B"   A#(/" De Arbia e Prsias terras abundantes. B"   A#)0" Atenta a ilha Barm, que o fundo ornado B"  A#(/" Tem das suas perlas ricas, e imitantes B"  h A#'." cor da Aurora; e v na gua salgada B"   A#%," Ter o Tgris e Eufrates ua entrada. B"  D A# " B" A#  " 103 B" A#)0" Olha da grande Prsia o imprio nobre. B"`  A#&-" Sempre posto no campo e nos cavalos, B"  D A#&-" Que se injuria de usar fundido cobre B"  A#)0" E de no ter das armas sempre os calos. B"  h A#$+" Mas v a ilha Gerum, como descobre B"  D A#%," O que fazem do tempo os intervalos, B"<   A#'." Que da cidade Armuza, que ali esteve, B"   A#%," Ela o nome despois e a glria teve. B"  A# " B" A#  " 104 B" A# '" Aqui de Dom Filipe de Meneses B"   A#(/" Se mostrar a virtude, em armas clara, B"  A#'." Quando, com muito poucos Portugueses, B"`  A#$+" Os muitos Prseos vencer de Lara. B"  A#")" Viro provar os golpes e reveses B"`   A#$+" De Dom Pedro de Sousa, que provara B"   A#%," J seu brao em Ampaza, que deixada B"   A#'." Ter por terra, fora s de espada. B"   A# " B" A#  " 105 B" A#(/" Mas deixemos o Estreito e o conhecido B"  h A#")" Cabo de Jasque, dito j Carpela, B"<  D A#$+" Com todo o seu terreno mal querido B"   A##*" Da Natura e dos des usados dela; B"  A#&" Carmnia teve j por apelido. B" A#%," Mas vs o fermoso Indo, que daquela B"   A##*" Altura nace, junto qual, tambm B"  A#%," Doutra altura correndo o Gange vem? B"`   A# " B" A#  " 106B"l A#*1" Olha a terra de Ulcinde, fertilssima. B"  A# '" E de Jquete a ntima enseada; B"  D A#(/" Do mar a enchente sbita, grandssima. B"  A#$+" E a vazante, que foge apressurada. B"  A#$+" A terra de Cambaia v, riqussima. B"   A#!(" Onde do mar o seio faz entrada; B"  D A#'." Cidades outras mil, que vou passando. B"  h A#'." A vs outros aqui se esto guardando. B"   A# " B" A#  " 107 B" A#$+" Vs corre a costa clebre Indiana B"   A# '" Pera o Sul, at o Cabo Comori. B"   A# '" J chamado Cori, que Taprobana B"  h A#(/" (Que ora Ceilo) defronte tem de si. B"   A# '" Por este mar a gente Lusitana. B"  h A##*" Que com armas vir despois de ti. B"  A#")" Ter vitrias, terras e cidades. B"<  D A#&-" Nas quais ho-de viver muitas idades.B"  A# " B" A#  " 108 B" A#+2" As provncias que entre um e o outro rio B"   A#(/" Vs, com vrias naes, so infinitas: B"   A#")" Um reino Mahometa, outro Gentio. B"`   A#%," A quem tem o Demnio leis escritas. B"  h A#!(" Olha que de Narsinga o senhorio B"  D A#$+" Tem as relquias santas e benditas B"  D A#")" Do corpo de Tom, baro sagrado. B"<  D A#'." Que a Jesu Cristo teve a mo no lado. B"  D A# " B" A#  " 109 B" A##*" Aqui a cidade foi que se chamava B"   A##*" Meliapor, fermosa, grande e rica; B"  A##" Os dolos antigos adorava, B" A#$+" Como inda agora faz a gente inica. B"  A#$+" Longe do mar naquele tempo estava, B"   A#'." Quando a F, que no mundo se pubrica, B"  D A##*" Tom vinha pregando, e j passara B"   A#(/" Provncias mil do mundo, que ensinara. B"  h A# " B" A#  " 110 B" A#'." Chegado aqui, pregando e junto dando B"   A#!(" A doentes sade, a mortos vida, B"  A##*" Acaso traz um dia o mar, vagando, B"`  D A#!(" Um lenho de grandeza desmedida. B"   A#&-" Deseja o Rei, que andava edificando, B"`   A#")" Fazer dele madeira; e no duvida B"  A#&-" Poder tir-lo a terra, com possantes B"  h A#.5" Foras d' homens, de engenhos, de alifantes. B" ` A# " B" A#  " 111B"l A##*" Era to grande o peso do madeiro B"   A#&-" Que, s pera abalar-se, nada abasta; B"   A##*" Mas o nncio de Cristo verdadeiro B"   A#&-" Menos trabalho em tal negcio gasta: B"  A#(/" Ata o cordo que traz, por derradeiro, B"   A#*1" No tronco, e facilmente o leva e arrasta B"  A#$+" Pera onde faa um sumptuoso templo B"  A#&-" Que ficasse aos futuros por exemplo. B"  D A# " B" A#  " 112 B" A#")" Sabia bem que se com f formada B"`   A#&-" Mandar a um monte surdo que se mova, B"  D A##*" Que obedecer logo voz sagrada, B"`  D A#,3" Que assi lho ensinou Cristo e ele o prova. B"  A#!(" A gente ficou disto alvoraada; B"   A##*" Os Brmenes o tm por cousa nova; B"  A#'." Vendo os milagres, vendo a santidade, B"   A#&" Ho medo de perder autoridade.B"   A# " B" A#  " 113B"l A#$+" So estes sacerdotes dos Gentios B"   A#&-" Em quem mais penetrado tinha enveja; B"   A#&-" Buscam maneiras mil, buscam desvios, B"  D A#*1" Com que Tom no se oua, ou morto seja. B"   A#)0" O principal, que ao peito traz os fios, B"  A#(/" Um caso horrendo faz, que o mundo veja B"   A#&-" Que inimiga no h, to dura e fera, B"   A##*" Como a virtude falsa, da sincera. B"`  D A# " B" A#  " 114 B" A#&-" Um filho prprio mata, e logo acusa B"   A#&-" De homicdio Tom, que era inocente; B"  h A#%," D falsas testemunhas, como se usa; B"   A##*" Condenaram-no a morte brevemente. B"   A##*" O Santo, que no v milhor escusa B"  A#&-" Que apelar pera o Padre omnipotente, B"<  A#%," Quer, diante do Rei e dos senhores, B"  h A#%," Que se faa um milagre dos maiores. B"  D A# " B" A#  " 115 B" A##*" O corpo morto manda ser trazido, B"`  D A##*" Que res[s]ucite e seja perguntado B"   A#$+" Quem foi seu matador, e ser crido B"  A#'." Por testemunho, o seu, mais aprovado. B"  h A##*" Viram todos o moo vivo, erguido, B"`  D A#%" Em nome de Jesu crucificado: B" A#%," D graas a Tom, que lhe deu vida, B"  A#")" E descobre seu pai ser homicida. B"  h A# " B" A#  " 116 B" A##*" Este milagre fez tamanho espanto B"   A#(/" Que o Rei se banha logo na gua santa, B"   A#&-" E muitos aps ele; um beija o manto, B"  A#%," Outro louvor do Deus de Tom canta. B"  A#(/" Os Brmenes se encheram de dio tanto, B"   A#'." Com seu veneno os morde enveja tanta, B"<  A#&-" Que, persuadindo a isso o povo rudo, B"   A#%," Determinam mat-lo, em fim de tudo. B"  A# " B" A#  " 117 B" A#&-" Um dia que pregando ao povo estava, B"   A#$+" Fingiram entre a gente um arrudo. B"  D A#%," (J Cristo neste tempo lhe ordenava B"  D A#'." Que, padecendo, fosse ao Cu subido); B"  D A#!(" A multido das pedras que voava B"  A##*" No Santo d, j a tudo oferecido; B"   A#+2" Um dos maus, por fartar-se mais depressa, B"  A#'." Com crua lana o peito lhe atravessa. B"   A# " B" A#  " 118 B" A#'." Choraram-te, Tom, o Gange e o Indo; B"   A#%," Chorou-te toda a terra que pisaste; B"  D A#&-" Mais te choram as almas que vestindo B"  D A#'." Se iam da santa F que lhe ensinaste. B"   A#(/" Mas os Anjos do Cu, cantando e rindo, B"  D A#$+" Te recebem na glria que ganhaste. B"`  h A##*" Pedimos-te que a Deus ajuda peas B"  A#&-" Com que os teus lusitanos favoreas. B"   A# " B" A#  " 119 B" A#%," E vs outros que os nomes usurpais B"  D A#!(" De mandados de Deus, como Tom, B"  A#&-" Dizei: se sois mandados, como estais B"  A# '" Sem irdes a pregar a santa F? B"  A#%," Olhai que, se sois Sal e vos danais B"  A#$+" Na ptria, onde profeta ningum , B"<   A#$+" Com que se salgaro em nossos dias B"  A#")" (Infiis deixo) tantas heresias? B"  h A# " B" A#  " 120 B" A#")" Mas passo esta matria perigosa B"<  D A#%" E tornemos costa debuxada. B" A#&" J com esta cidade to famosa B" A##*" Se faz curva a Gangtica enseada; B"`  D A#")" Corre Narsinga, rica e poderosa; B"  h A#")" Corre Orixa, de roupas abastada; B"  h A#$+" No fundo da enseada, o ilustre rio B"   A#!(" Ganges vem ao salgado senhorio; B"  h A# " B" A#  " 121 B" A#&-" Ganges, no qual os seus habitadores B"`   A#$+" Morrem banhados, tendo por certeza B"   A#(/" Que, inda que sejam grandes pecadores, B"   A#&-" Esta gua santa os lava e d pureza. B"   A#!(" V Catigo, cidade das milhores B"  D A#$+" De Bengala provncia, que se preza B"  A#'." De abundante. Mas olha que est posta B"   A#'." Pera o Austro, daqui virada, a costa. B"  D A# " B" A#  " 122 B" A#'." Olha o reino Arraco; olha o assento B"   A#$+" De Pegu, que j monstros povoaram, B"`  h A#%," Monstros filhos do feio ajuntamento B"<   A#*1" Dua mulher e um co, que ss se acharam. B"   A#")" Aqui soante arame no instrumento B"   A##*" Da gerao costumam, o que usaram B"  A#%," Por manha da Rainha que, inventando B"`   A#&-" Tal uso, deitou fora o error nefando.B"   A# " B" A#  " 123 B" A#!(" Olha lavai cidade, onde comea B"`  A#'." De Sio largo o imprio to comprido; B"  h A##*" Tenassari, Qued, que s cabea B"  A#$+" Das que pimenta ali tm produzido. B"<   A##*" Mais avante fareis que se conhea B"   A#!(" Malaca por emprio ennobrecido, B"  A#%," Onde toda a provncia do mar grande B"  A#&" Suas mercadorias ricas mande. B" A# " B" A#  " 124B"l A#(/" Dizem que desta terra co as possantes B"  h A# '" Ondas o mar, entrando, dividiu B"   A#'." A nobre ilha Samatra, que j d' antes B"  D A#")" Juntas ambas a gente antiga viu. B"  A#'." Quersoneso foi dita; e das prestantes B"   A#%," Veias d' ouro que a terra produziu, B"  h A#$+" 'urea' por epitto lhe ajuntaram; B"<   A##*" Alguns que fosse Ofir imaginaram. B"   A# " B" A#  " 125 B" A#$+" Mas, na ponta da terra, Cingapura B"`  h A#,3" Vers, onde o caminho s naus se estreita; B"  A#$+" Daqui tornando a costa Cinosura, B"`  h A#*1" Se encurva e pera a Aurora se endireita. B"   A#&-" Vs Pam, Patane, reinos, e a longura B"   A#*1" De Sio, que estes e outros mais sujeita;B"  A#")" Olha o rio Meno, que se derrama B"`   A#&-" Do grande lago que Chiamai se chama. B"  A# " B" A#  " 126 B" A#'." Vs neste gro terreno os diferentes B"   A#%," Nomes de mil naes, nunca sabidas: B"  D A#&-" Os Laos, em terra e nmero potentes; B"  h A#(/" Avs, Brams, por serras to compridas;B"  h A#%," V nos remotos montes outras gentes,B"  A#)0" Que Gueos se chamam, de selvages vidas; B"< @ A# '" Humana, carne comem, mas a sua B"  A#(/" Pintam com ferro ardente, usana crua. B"  A# " B" A#  " 127 B" A#$+" Vs, passa por Camboja Mecom rio, B"  A#&-" Que capito das guas se interpreta; B"`   A#%," Tantas recebe d' outro s no Estio, B"  A#(/" Que alaga os campos largos e inquieta; B"  h A#%," Tem as enchentes quais o Nilo frio; B"  A#$+" A gente dele cr, como indiscreta, B"   A#*1" Que pena a glria tm, despois de morte, B"  A#")" Os brutos animais de toda sorte. B"  A# " B" A#  " 128 B" A##*" Este receber, plcido e brando, B"   A#&-" No seu regao os Cantos que molhados B"  D A#&-" Vm do naufrgio triste e miserando, B"   A#!(" Dos procelosos baxos escapados, B"   A#(/" Das fomes, dos perigos grandes, quando B" @ A# '" Ser o injusto mando executado B"  h A##" Naquele cuja Lira sonorosa B" A#&" Ser mais afamada que ditosa. B" A# " B" A#  " 129B"l A#*1" Vs, corre a costa que Champ se chama, B"< d A#%," Cuja mata do pau cheiroso ornada; B"   A#'." Vs Cauchichina est, de escura fama, B"`  A#$+" E de Aino v a incgnita enseada; B"  D A#&-" Aqui o soberbo Imprio, que se afama B"  D A##*" Com terras e riqueza no cuidada, B"`  D A#$+" Da China corre, e ocupa o senhorio B"  D A#(/" Desde o Trpico ardente ao Cinto frio. B"   A# " B" A#  " 130 B" A#&-" Olha o muro e edifcio nunca crido, B"  A#,3" Que entre um imprio e o outro se edifica, B"`  A# '" Certssimo sinal, e conhecido, B"   A##*" Da potncia real, soberba e rica. B"  A#&-" Estes, o Rei que tm, no foi nacido B"  A#)0" Prncipe, nem dos pais aos filhos fica, B"  A# '" Mas elegem aquele que famoso B"<  A#")" Por cavaleiro, sbio e virtuoso. B"  h A# " B" A#  " 131B"l A#'." Inda outra muita terra se te esconde B"   A#&-" At que venha o tempo de mostrar-se; B"`   A#%," Mas no deixes no mar as Ilhas onde B"`   A#!(" A Natureza quis mais afamar-se: B"   A#$+" Esta, meia escondida, que responde B"  D A#(/" De longe China, donde vem buscar-se, B"   A#")" Japo, onde nace a prata fina, B"  A#%," Que ilustrada ser co a lei divina. B"   A# " B" A#  " 132B"l A#!(" Olha c pelos mares do Oriente B"<   A# '" As infinitas Ilhas espalhadas: B"   A#")" V Tidore e rernate, co fervente B"<  D A#%," Cume, que lana as flamas ondeadas. B"  h A#$+" As rvores vers do cravo ardente, B"  D A#%," Co sangue Portugus inda compradas. B"`   A#'." Aqui h as ureas aves, que no decem B"  h A#%," Nunca terra e s mortas aparecem. B"  h A# " B" A#  " 133 B" A#*1" Olha de Banda as Ilhas, que se esmaltam B"   A#&-" Da vria cor que pinta o roxo fruto; B"  A##*" As aves variadas, que ali saltam, B"   A##*" Da verde noz tomando seu tributo. B"`  D A#%," Olha tambm Bornu, onde no faltam B"  A#%," Lgrimas no licor coalhado e enxuto B"  A#%," Das rvores, que cnfora chamado, B"  D A#%," Com que da Ilha o nome celebrado. B"`   A# " B" A#  " 134 B" A#&-" Ali tambm Timor, que o lenho manda B"`   A#!(" Sndalo, salutfero e cheiroso; B"  h A#%," Olha a Sunda, to larga que ua bandaB"   A#")" Esconde pera o Sul dificultoso; B"  A#(/" A gente do Serto, que as terras anda, B"  A# '" Um rio diz que tem miraculoso, B"   A#'." Que, por onde ele s, sem outro, vai, B"   A#'." Converte em pedra o pau que nele cai. B"  h A# " B" A#  " 135 B" A#&-" V naquela que o tempo tornou Ilha, B"<  A#$+" Que tambm flamas trmulas vapora, B"   A#&-" A fonte que leo mana, e a maravilha B"  h A#'." Do cheiroso licor que o tronco chora, B"<  A#+2" -Cheiroso, mais que quanto estila a filha B"  A#&-" De Ciniras na Arbia, onde ela mora; B"  h A#'." E v que, tendo quanto as outras tm, B"   A#$+" Branda seda e fino ouro d tambm. B"   A# " B" A#  " 136 B" A#+2" Olha, em Ceilo, que o monte se alevanta B"   A#.5" Tanto que as nuvens passa ou a vista engana; B" @ A#$+" Os naturais o tm por cousa santa, B"  A#'." Pola pedra onde est a pegada humana. B"   A#$+" Nas ilhas de Maldiva nace a pranta B"  A#")" No profundo das guas, soberana, B"  h A##*" Cujo pomo contra o veneno urgente B"   A# '" tido por antdoto excelente. B"   A# " B" A#  " 137B"l A#(/" Vers defronte estar do Roxo Estreito B"  D A#!(" Socotor, co amaro alo famosa; B"<   A#%," Outras ilhas, no mar tambm sujeito B"   A#$+" A vs, na costa de frica arenosa, B"  D A#")" Onde sai do cheiro mais perfeito B"<  D A#&-" A massa, ao mundo oculta e preciosa. B"  h A#$+" De So Loureno v a Ilha afamada, B"  D A##*" Que Madagscar dalguns chamada. B"`  D A# " B" A#  " 138 B" A#&-" Eis aqui as novas partes do Oriente B"   A#%," Que vs outros agora ao mundo dais, B"  A#'." Abrindo a porta ao vasto mar patente, B"  D A#")" Que com to forte peito navegais.B"<  D A#%," Mas tambm razo que, no Ponente, B"  D A#$+" Dum Lusitano um feito inda vejais, B"   A#(/" Que, de seu Rei mostrando-se agravado, B"  h A#$+" Caminho h-de fazer nunca cuidado. B"  D A# " B" A#  " 139 B" A##*" Vedes a grande terra que contina B"   A#'." Vai de Calisto ao seu contrrio Plo, B" @ A##*" Que soberba a far a luzente mina B"  A#(/" Do metal que a cor tem do louro Apolo. B"  A#!(" Castela, vossa amiga, ser dina B"  A#%," De lanar-lhe o colar ao rudo colo. B"  A#)0" Vrias provncias tem de vrias gentes, B"`  A#")" Em ritos e costumes, diferentes. B"   A# " B" A#  " 140 B" A#)0" Mas c onde mais se alarga, ali tereis B"   A#%," Parte tambm, co pau vermelho nota; B"  A#")" De Santa Cruz o nome lhe poreis; B"`   A#'." Descobri-la- a primeira vossa frota. B"`  A##*" Ao longo desta costa, que tereis, B"   A#")" Ir buscando a parte mais remota B"  A#%," O Magalhes, no feito, com verdade, B"  D A##*" Portugus, porm no na lealdade. B"<  h A# " B" A#  " 141 B" A#%," Ds que passar a via mais que meia B"  D A#%," Que ao Antrtico Plo vai da Linha, B"  A#%" Dua estatura qusi giganteia B" A#$+" Homens ver, da terra ali vizinha; B"  D A#(/" E mais avante o Estreito que se arreia B"  h A#$+" Co nome dele agora, o qual caminha B"   A#&-" Pera outro mar e terra que fica onde B"  h A#(/" Com suas frias asas o Austro a esconde.B"  h A# " B" A#  " 142 B" A#!(" At 'qui Portugueses concedido B"  h A#")" Vos saberdes os futuros feitos B"  A#&-" Que, pelo mar que j deixais sabido, B"   A#&-" Viro fazer bares de fortes peitos. B"   A#")" Agora, pois que tendes aprendido B"  h A#%," Trabalhos que vos faam ser aceitos B"   A# '" s eternas esposas e fermosas, B"  h A#!(" Que coroas vos tecem gloriosas. B"   A# " B" A#  " 143 B" A#(/" Podeis-vos embarcar, que tendes vento B"  A#(/" E mar tranquilo, pera a ptria amada. B"<  A#")" Assi lhe disse; e logo movimento B"  h A#")" Fazem da Ilha alegre e namorada. B"  h A#$+" Levam refresco e nobre mantimento; B"   A##" Levam a companhia desejada B" A#)0" Das Ninfas, que ho-de ter eternamente, B"  A#+2" Por mais tempo que o Sol o mundo aquente. B"  A# " B"