<< Segredos da Língua Portuguesa

Nota informativa
Propomos um quadro-síntese da história da língua desde a romanização até à  presença muçulmana em Portugal. Contudo, a influência do léxico árabe não terminará com a fase da Reconquista: registam-se novos vocábulos desde o século XIII até ao século XVI, contribuindo para enriquecer uma língua que evoluía de uma forma própria. De facto, outros elementos lexicais foram, ao longo dos tempos, fortemente assimilados: no português antigo já se empregavam, na oralidade e na escrita, latinismos antigos, elementos lexicais franceses e provençais («avultadíssimos e constantes») e elementos espanhóis. Estas línguas marcaram decisivamente a cultura portuguesa, em particular a literatura. Mais tarde, no século XVI, com a cultura humanista/renascentista e com os descobrimentos, verifica-se um novo enriquecimento na língua, na cultura científica e na cultura literária.

Consultar: http://www.instituto-camoes.pt/bases/magnalingua/estrutlexico.htm)

Época/história da língua  Factos Históricos  «Os Arabismos»: um contributo para o enriquecimento da língua e cultura portuguesas

Até ao século XII
Português pré-literário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Até ao século XV
Português antigo.

 

 

218 a.C.
Primeiro desembarque de tropas romanas na Península Ibérica. Os romanos dominam até ao século V da era cristã.

Século III
Constituição da província romana de Gallaecia et Asturica na Península Ibérica.

Com a romanização, os soldados, colonos e mercadores dominaram os povos peninsulares. Conta-se que entre 134-156 a.C. houve um herói lusitano, chamado Viriato, que resistiu aos romanos.
A língua  latina difundiu-se, admitindo influências locais. Gradualmente, a partir do latim vulgar, constituiu-se o germe da futura língua românica designada por galaico-português, que deu origem ao português.

Consultar:
Lisboa Romana
http://www.cnc.pt/pages/bcp/lxrom.html

Uma visita a Conímbriga
http://www.uc.pt/MachCastro/Aeminium.top.html

A história de uma vila romana «Centum Cellas»
http://www.terravista.pt/enseada/4995/Principal.htm

409 e 624
Os Alanos, Vândalos e Suevos invadem a Península Ibérica. No século VI, os Visigodos ocupam o território.
Os povos germânicos apresentavam uma civilização dominada pela guerra e pelas armas.
O vocabulário introduzido pelos povos germânicos foi muito reduzido. Não houve alterações ao nível da estrutura linguística latina.

Consultar:
Lisboa na época visigótica
http://www.cnc.pt/pages/bcp/lxvis.html

711
Invasão árabe
.
Os povos árabes influenciaram diferentes aspectos da vida quotidiana e urbana como sejam a economia, o comércio, a administração e a cultura. Nesta fase, ocorreu uma integração intensa com habitantes de diferentes origens sociais, residentes na zona ocupada ou vindos de outras localidades. Os novos habitantes foram designados por «moçárabes».

Definição de «Moçárabe», adj. Do árabe Musta`rab, significa «tornado árabe».

Nesta fase, verifica-se o aparecimento de uma língua românica moçárabe. Pensa-se que uma lírica popular em língua moçárabe terá influenciado as composições poéticas galego-portuguesas, em particular as cantigas de amigo.

O processo de aculturação:
«Os monges, clérigos e cavaleiros do Norte trouxeram para as cidades da Estremadura e do Alentejo as suas concepções do mundo, a sua ideologia e as suas soluções culturais.(...)

José Mattoso  «O essencial sobre a cultura medieval portuguesa (séculos XI a XIV)», Lisboa, INCM  p. 34.

Consultar:
Lisboa Islâmica:
http://www.cnc.pt/pages/bcp/lxisl.html

A história da cidade de Silves - uma cidade situada na região do Algarve e que teve uma forte presença árabe:
http://www.cidades-portuguesas.net/DistFaro/Silves/Historia.htm

 

 

 

 

1128
Início  da fase da formação e organização do território português.

A guerra da Reconquista até ao século XIII.

1095-96
D. Henrique de Borgonha, casado com D. Teresa, governou as terras ao sul do Minho (Condado Portucalense).  O filho, Afonso Henriques, seria o primeiro rei de Portugal. 
A cultura citadina de influência árabe mistura-se com as culturas tradicionais dos clérigos, cavaleiros e trabalhadores rurais vindos do norte do país.

«Santa Cruz de Coimbra começa desde logo a ser frequentada por Afonso Henriques que acabara de se fixar na cidade (a 1132), se apresenta como o chefe dos cavaleiros de Coimbra, entre os quais há também moçárabes. (...) Santa Cruz torna-se, assim, o apoio espiritual da monarquia nascente, quer para justificar a sua autoridade, quer para apresentar o primeiro rei de Portugal como um inspirado por Deus na luta contra o Islão.»

O processo de aculturaçãoJosé Mattoso  «O essencial sobre a cultura medieval portuguesa (séculos XI a XIV)»,Lisboa,  INCM  p. 36.

Neste período já se registam outras influências marcantes na língua portuguesa: os elementos franceses e provençais, tal como os elementos provenientes de outras regiões da Península Ibérica.

Em 1139, na lendária Batalha de Ourique, supõe-se que D. Afonso Henriques toma, pela primeira vez, o título de rei. Esta batalha, contra os mouros, será lembrada na obra  de «Os Lusíadas» de Luís de Camões (Canto III). 

Canto III de «Os Lusíadas»: http://www.instituto-camoes.pt/escritores/camoes/canto3.htm

Surgem os primeiros documentos escritos em romance e não em latim. Datam do tempo de D. Afonso Henriques os primeiros vestígios escritos da língua portuguesa, mas só durante o século XIII começaria a ser escrita regularmente. Considera-se que a «Notícia de Torto» é um dos primeiros documentos em galaico-português.
Segue-se um longo período de guerra contra os mouros que continuará nos reinados seguintes de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II. Em 1249, com D. Afonso III, conquista-se a cidade de Faro no Algarve.

Consultar:
Agenda Instituto Camões 2001 - A nossa magna língua portuguesa
http://www.instituto-camoes.pt/bases/magnalingua.htm

A cronologia da História de Portugal:
http://www.ribatejo.com/hp/cronologia/crono_1086_1150.html

Os arabismos não terminaram e o contacto entre os dois povos não acabou no fim da Reconquista,
tendo prosseguido no norte de África e Oriente, daí resultando um número considerável de arabismos na nossa língua.